6ª aula
Aristóteles (384 - 322 a.C.), nasceu em Estagira, colônia de origem jônica encravada no reino da Macedônia.
Aristóteles nasceu em 384 a.C e foi o principal discípulo de Platão. Nasceu na cidade de Estagira (atual Tessalônica) e sua família era ligada à medicina e aos reis da Macedônia. Aos 18 anos, foi para Atenas, onde passou a frequentar a Academia de Platão. Aí permaneceu durante 19 anos, até a morte do mestre, cujo pensamento o influenciou de forma marcante, apesar de também ter criado suas próprias teorias filosóficas.
Em 342 a.C, Filipe da Macedônia convidou Aristóteles para tomar conta da educação de Alexandre Magno. Dessa época data a construção de suas principais obras políticas, a maioria delas se perdeu infelizmente. Depois, quando Alexandre subiu ao trono e iniciou a conquista do Oriente, Aristóteles voltou a Atenas, onde fundou o Liceu em 335 a.C. A escola possuía um edifício, um jardim e uma alameda para passeio. Em grego, perípatos, passeio por onde se anda conversando. Por isso, a escola aristotélica também ficou conhecida como peripatética. Do mesmo modo que a Academia de Platão, o Liceu também praticava a vida comunitária, mas a disciplina era mais rígida do que a da escola de seu mestre. Todas as manhãs, Aristóteles dava aulas sobre os assuntos filosóficos mais difíceis aos alunos mais adiantados. A tarde e a noite dava aulas abertas ao público sobre retórica e dialética.
Segundo Marilena Chauí: "foi nesse período que Aristóteles compôs suas obras mais importantes, redigiu uma verdadeira enciclopédia dos conhecimentos que existiam em toda a Grécia, colecionou numa biblioteca centenas de manuscritos e mapas, e criou um museu para ilustrar as aulas com espécimes de plantas e animais, recolhidos em todo o império de Alexandre. Também nesse período, Aristóteles fixa uma classificação das ciências por ordem de complexidade, dificuldade e dependência interna para orientar a formação do currículo escolar do Liceu, e essa classificação é a que permanece no pensamento ocidental, até nossos dias, tendo, durante séculos, determinado o currículo de todas as universidades européias até o século XIX de nossa era. "
A preferencia de Aristóteles pelas ciências naturais era clara (talvez por seu pai ser médico), ao contrário de Platão que privilegiava a matemática. Os trabalhos escritos pelo filósofo ao longo da vida chegam a pelo menos 400, garantem os especialoistas. Primeiro, vêm os trabalhos sobre lógica, que foram reunidos sob o título geral de Organom. Depois, os trabalhos científicos: A física, história natural, as partes dos animais, etc. Em terceiro, estão as obras sobre estética: retórica e Poética. E, por último, os estritamente filosóficos: ética, política e metafísica.
Com o objetivo de chegar a uma verdade científica, não sujeita a erros, Aristóteles tenta estabelecer normas de pensamento que sejam irrefutáveis. Para tanto, ele cria a lógica, a arte e o método do pensamento correto. Baseada na lógica, todo o pensamento aristotélico tenta dar uma explicação sobre como podemos, a partir de dados sensíveis e individuais, chegar a formulações verdadeiramente científicas, ou seja, universais.
Para Aristóteles, os conceitos não seriam meras convenções individuais ou culturais. Os conceitos seriam universais porque são estruturas inerentes aos próprios objetos. Por exemplo: a estrutura básica comum a todas asa espécies de pássaros estaria contida, universalmente, no conceito "pássaro". É como se cada objeto possuísse uma espécie de núcleo central, que não variaria nunca. Essa teoria nada mais é do que Metafísica, segundo a qual há uma essência em cada conceito, algo que é eterno, imutável e predomina sobre qualquer mudança aparente. A Metafísica busca nas coisas o que elas tem de consistência, que pode ser controlado e dominado pela razão. Todo o restante é ilusório e, portanto pode ser deixado de lado.
A essência imutável das coisas foi chamada por Aristóteles de substancia, aquilo que nunca é alterado, apesar das mudanças circunstanciais. Segundo ele, todos os corpos sofrem acidentes (cor, gosto, cheiro, etc), mas não perdem nem alteram a sua substancia, permanecem imutáveis na essência. Nossos sentidos captariam apenas os dados sensíveis (os tais acidentes), enquanto que a razão, sim, é capaz de chegar à substancia, ao amargo do objeto. Sobre Deus Aristóteles disse que Ele seria o Motor Imóvel, o Primeiro Motor, o que move o universo a distância. Ele não estabelece nenhum contato direto com o mundo celeste ou com a terra. Sendo imóvel e ato puro, nada deseja, pois nada lhe falta. Em compensação, é desejado por todos os seres do universo. Se se movesse, Deus seria imperfeito, não seria completo, seria matéria, pois só a matéria é imóvel.
No livro VII de Ética a Nicômaco, o filosofo discute se o prazer seria ou não um bem. Aristóteles nos mostra, então, quais as três opiniões vigentes. A primeira afirma que nenhum prazer é um bem, nem em si mesmo nem acidentalmente, a segunda nos diz que alguns prazeres podem até ser bons, mas a maioria é má, e a terceira defende que, ainda que todos os prazeres sejam bons, o prazer não é o sumo bem, o bem em si. Cada corrente dessa tem seus argumentos em defesa do seu ponto de vista e o filósofo as expõe. Vamos a eles:
- os que negam totalmente que um prazer seja um bem, entre outras coisas, que as pessoas temperantes evitam os prazeres e as pessoas dotadas de sabedoria buscam o que é isento de sofrimento e não é agradável. Além disso, as crianças e os animais irracionais buscam o prazer.
- Já os que acreditam que nem todos os prazeres sejam um bem argumentam que existem prazeres prejudiciais, que causam mal à saúde.
- o terceiro grupo, para quem o sumo bem não é o prazer, afirma que este não é um fim, mas um processo.
Aristóteles faz ainda no livro VII de Ética a Nicômaco uma articulação entre felicidade e prazer. A partir do momento em que todos concordam que o sofrimento é um mal a ser evitado e que a felicidade é uma vida sem dor, então, o contrário daquilo que deve ser evitado, ou seja, o prazer, deve ser um bem. Segundo ele, é preciso ressaltar que nem todos buscam os mesmos prazeres, apesar de os corporais serem os mais falados e conhecidos. E por quê ? Porque eles nos afastam mais facilmente do sofrimento. Quanto mais excessivo os sofrimentos experimentados, mais excessivos os prazeres a serem buscados.
No livro X de Ética a Nicômaco, Aristóteles introduz a ideia de que alguns prazeres vêm preencher uma carência, como no caso do prazer de comer e beber depois de um longo período de abstinência. Mas nem todos os prazeres são dessa natureza. Há aqueles que não suprem nenhuma espécie de carência nem trazem nenhum ganho específico. Ele conclui, então, que o prazer está ligado às atividades, ele não é um fim em si, mas vincula-se ao que está sendo realizado.
Depois da morte de Alexandre, em 323 a.C, ressurgiram em Atenas fortes sentimentos contra a Macedônia. Como Aristóteles tinha ligação com Macedônia, da época em que havia lecionado para Alexandre, e o Liceu não era muito visto, passou a ser perseguido, suspeito de traição. Para evitar transtornos, acabou saindo de Atenas, estabelecendo-se em Cálcis. Alguns meses depois, vítima de uma doença de estomago, morreu aos 63 anos, no ano de 321 a.C.
Frases de Aristóteles famosas:
- Ter muitos amigos é não ter nenhum.
- As pessoas dividem-se entre aquelas que poupam como se vivessem para sempre e
aquelas que gastam como se fossem morrer amanhã
- Devemos nos comportar com os nossos amigos do mesmo modo que
gostaríamos que eles se comportassem conosco
- A amizade é uma alma com dois corpos
- É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a
fazer.
- O homem solitário é uma besta ou um deus.
- A felicidade não se encontra nos bens exteriores.
- Que vantagem têm os mentirosos? A de não serem acreditados quando
dizem a verdade.
Exercícios:
A) Explique o que é a Metafísica de Aristóteles.
