terça-feira, 19 de junho de 2012

A Questão Christie...por profª Alcilene Rodrigues

26ª aula
(Política externa do Segundo Reinado)
Arquivo:Victor Meirelles - Estudo para a Questão Christie, 1864. Figura do imperador D.Pedro II rodeado pelo povo brasileiro indignado com a atitude de Christie.

a) As relações com a Inglaterra
Durante o Império, era muito boa a situação que a Inglaterra desfrutava no comercio brasileiro. Já em 1810, isto é, dois anos depois da abertura dos portos, Portugal assinou com ela um tratado muito vantajoso para os comerciantes ingleses, pois seus artigos pagavam nos portos brasileiros menos impostos que os portugueses.
Durante o Segundo Reinado ainda foi maior a influência da Inglaterra no Brasil. Muitos brasileiros estudavam nesse país, como no período colonial haviam estudado em Coimbra. também homens de negócios visitavam a Inglaterra, como Irineu Evangelista de Sousa, Visconde de Mauá, banqueiro e industrial. O próprio sistema parlamentar, adotado no Brasil, no Segundo Reinado, foi inspirado no parlamentarismo inglês.
Entretanto, nem sempre foram boas as relações com a Inglaterra. Primeiramente, houve a questão do tráfico. O Brasil havia-se comprometido com o governo inglês, de proibir o tráfico de africanos depois da Independência. Mas, para não prejudicar a lavoura continuou a haver o tráfico. Então, o parlamento inglês fez uma lei que dava à marinha inglesa o direito de perseguir e apresar navios brasileiros até na costa do Brasil. Mas grave, porém, foi a questão provocada por William  Christie, Ministro que representava a Inglaterra no Brasil.

b) A questão Christie
O ministro inglês no Brasil, William Christie, por falta de habilidades transformou dois incidentes sem importância num sério conflito que provocou o rompimento das relações diplomáticas do Brasil com a Inglaterra.
O primeiro incidente aconteceu em 1861: o navio inglês Prince of  Walles ( Príncipe de Gales) havia naufragado no Rio Grande do Sul, na costa deserta do Albardão e sua carga, dando à praia, foi furtada por desconhecidos. O governo tomou medidas para apurar o furto, mas Christie, numa ofensa ao Brasil como país livre, queria que um capitão inglês tomasse parte nas investigações. Em seguida, reclamou ao governo brasileiro, como indenização a quantia de 3200 libras.
No  ano seguinte outro incidente, ocorreu no Rio de Janeiro : três oficiais da marinha inglesa, embriagados e à paisana, desrespeitaram as autoridades de um posto policial. Por isso, foram presos mas, verificada a sua identidade, foi-lhes, restituída, imediatamente a liberdade. Entendeu William Christie que a marinha do seu país havia sido ofendida e exigiu do governo várias medidas, como a de censurar o chefe de polícia. Suas reclamações não foram atendidas e, como também não recebeu aas 3200 libras, resolveu agir com violência. Por sua ordem o vice-almirante Warren apreendeu cinco navios da marinha brasileira.
A atitude de Christie provocou indignação no povo e a polícia teve que estar para evitar fossem atacadas a legação e as casas comerciais inglesas. Diante dessa reação, Christie propôs que os dois incidentes fossem solucionados por meio de arbitramento: os dois países, Brasil e Inglaterra, escolheriam, para decidir a questão, um chefe de Estado, que seria o juiz ou árbitro.
Entretanto, o governo brasileiro achava desonroso admitir árbitro para discutir questões de dinheiro e, por isso, ainda que sob protesto, resolveu pagar a quantia de 3200 libras.
Quanto ao segundo incidente recorreu-se, para solucioná-lo, ao arbitramento de Leopoldo I, rei dos belgas. Apesar de ser tio da rainha Vitória, soberana que então governava a Inglaterra, a solução que ele deu foi inteiramente favorável ao Brasil. Ficou provado que, ao prender os oficiais embriagados, não houve ofensa à marinha inglesa. Restava, portanto, ao governo inglês a obrigação de pedir desculpas ao do Brasil pela violência que, o vice-almirante Warren praticou, quando apreendeu, em tempo de paz e na costa brasileira, os cinco navios mercantes. Essas desculpas não foram, porém, apresentadas e, por isso, o Império rompeu relações diplomáticas com a Inglaterra. Somente em 1865, durante a Guerra do Paraguai, foram reiniciadas as relações entre os dois países: o ministro inglês em Buenos Aires, Thornton, de acordo com as instruções de seu governo, apresentou-se a D. Pedro II. Estava o Imperador, nessa ocasião, no acampamento de Uruguaina, onde acabava de assistir à rendição do exército paraguaio que havia invadido  o Rio Grande do Sul.
William  Christie, Ministro que representava a Inglaterra no Brasil.

Obs: A Questão Christie, em termos de Relações Internacionais do Brasil, constituiu-se num contencioso entre os governos do Império do Brasil e da Grã -Bretanha, que teve lugar de 1862 a 1865.

Questionário:
1- Por que o tratado de 1810 trouxe vantagem para o comércio inglês?
2- Por que o tráfico de africanos provocou conflito com a Inglaterra?
3- Quem foi William Christie?

Um comentário:

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