sexta-feira, 3 de maio de 2013

O existencialismo de Jean Paul Sartre..por prof ª Alcilene Rodrigues

3ª aula...Filosofia
O existencialismo

Jean Paul Sartre (1905-1980) escreveu o: O ser e o nada, sua principal obra filosófica, em 1943. Sofreu forte influência da fenômenologia de Husserl e da filosofia de Heidegger. Seu pensamento é muito conhecido e gerou inclusive, uma moda existencilista, também pelo fato de ter se tornado famoso romancista e teatrólogo. Sua produção intelectual foi marcada pela Segunda Guerra Mundial e pela ocupação nazista na França.
Podemos dizer que há um Sartre de antes da guerra e outro do pós-guerra, tal o impacto que a Resistência Francesa exerceu sobre sua concepção política de engajamento. Engajamento significa a necessidade de se voltar para a análise da situação concreta, como responsável pelas mudanças sociais e políticas de seu tempo. Pelo engajamento, a liberdade deixa de ser apenas imaginária porque o individuo compromete-se na ação.
O envolvimento com a política do seu tempo também repercutiu na discussão da moral do sujeito concreto. Por isso Sartre, não é possível prever o conteúdo da moral, mas apenas indagar se o que fazemos é o não em nome da liberdade.
Para melhor entendermos a concepção de liberdade sartriana, comecemos pela análise de uma frase fundamental do existencialismo, a existencia precede a essência. Segundo as concepções tradicionais, o ser humano possui uma essência, uma natureza humana universal, do mesmo modo que todas as coisas têm igualmente uma essencia. Por exemplo, a essência de uma mesa é o ser mesmo da mesa, aquilo que faz com que ela seja mesa e não cadeira. Não importa que a mesa seja de madeira, fórmica ou vidro, que seja grande ou pequena, mas que tenha as características que nos permitam usá-la como mesa.
Não é essa, no entanto, a posição de Sartre. Para ele, no caso do ser humano, a existencia precede a essência, ao contrário do que ocorre com os animais e as coisas. O que significa? Assim diz Sartre:
...o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. Assim, não há natureza humana, visto que não há Deus para o conceber. O homem é, não apenas como ele se concebe, mas como ele quer que seja, como ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para a existência, o homem não é mais que o que ele faz. Tal é o primeiro príncipio do existencialismo."( O existencialismo é um humanismo. Lisboa:presença, 1970.p.216).
Qual é a diferença entre o ser humano e as coisas? É que só ele é livre, porque nada mais é do que seu projeto, ou seja, o ser que age tendo em vista o que virá. Portanto, só o ser humano existe (ex-siste) porque, sendo consciente, é um ser-para-si, já que a conciência é autorreflexiva, pensa sobre si mesma, é capaz de pôr-se fora de si. É a consciência que distingue o ser humano das coisas e dos animais, que são em si, ou seja, não são capazes de se colocar do lado de fora para se
autoexaminarem.
 O que acontece ao individuo quando se percebe para si, aberto à possibilidade de contruir ele próprio a sua existencia? Descobre que não há essência ou modelo para orientar o seu caminho e que o futuro encontra-se disponível e aberto, portanto, está irremediavelmente condenado a ser livre. Sartre cita a frase de Dostoiévski em Os irmãos Karamazov. Se Deus não existe, então tudo é permitido, para lembrar que os valores não são dados nem por Deus nem pela tradição: só ao próprio indivíduo cabe inventá-los.

                                   Jean Paul Sartre e sua esposa Simone de Beauvoir

Questão
Escolha a alternativa certa:
Segundo Sartre a existencia precede a essência. Isso pode ser interpretado como:
a) O homem se define pelo caminho que vai trilhando em sua existencia e não pelo significado do conceito de homem.
b) A existencia humana  depende do plano que Deus determina a cada criatura.
c) O materialismo define a vida e o espírito não existe.
d) O entendimento que se tem de natureza humana, é o que vai direcionar a existência humana.
e) A liberdade não participa do contexto da existência do homem.

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