Asa White Kenney Billings
Billings (8 de fevereiro de 1876 - 3 de novembro de 1949) foi um engenheiro estadunidense, considerado um dos pioneiros no desenvolvimento dos sistemas de energia elétrica no Brasil, onde ele viveu durante os últimos 27 anos de sua vida. Seu trabalho mais conhecido hoje em dia é a Represa Billings, o maior reservatório de água urbano em São Paulo, para cujo desenvolvimento ele exerceu um papel fundamental.
Filho de Albert Stearns Billings e Abbie Althea Billings (née Park) em Omaha, Asa Billings completou seu estudo médio na Omaha High School. Com 14 anos de idade, começou a trabalhar por meio período na usina elétrica local. Completou sua educação superior na universidade de Havard, recebendo o título de Bacharel em 1895 e o título de Mestre em 1896, juntamente com um prêmio (Bowdoin prize) e $100 pela sua tese. Ele também obteve o título honorário de engenheiro eletricista da Universidade Tufts em 1929.
Billings casou com Edna Peabody em Nova Iorque em 17 de dezembro de 1900, e seu filho Asa White Kenney Billings, Jr. nasceu em 20 de setembro de 1902. Anos depois, casou-se novamente com Josephine J. Billings, e teve mais dois filhos, Mary Warner e John J.
Após sua formatura em 1896, Billings trabalhou em projetos elétricos em diversos locais do mundo, incluindo Pittsburgh e Cuba, e trabalhou para Frederick Stark Pears, em projetos no Texas e na Espanha. Quando os Estados Unidos decidiram participar da primeira Guerra Mundial, ele juntou-se ao grupo de engenheiros civis da marinha norteamericana, e pelos seu serviços recebeu uma Navy Cross e o ranque de cavaleiro da Légion D'honneur.
Chegou ao Brasil em fevereiro de 1922 como engenheiro da Light, a empresa canadense responsável pelo fornecimento de energia elétrica da cidade de São Paulo, pensando em ficar alguns meses.( ficou até morrer). Naquela época, o rápido crescimento da cidade, que começava a dar sinais de industrialização, já apontava significativo da demanda por energia elétrica. Obcecado pela idéia de criar uma maneira de gerar energia de forma eficiente, aproveitando a geografia da cidade de São paulo, teve uma idéia: Porque não usar a queda abrupta demais de 700 metros do planalto paulista para gerar energia elétrica?
O sistema idealizado pelo engenheiro Billings era reverter as águas do Rio Pinheiro, e depois lançá-las montanha abaixo, gerando energia elétrica. A sua idéia era maravilhosa, mas ainda existia um enorme problema: a topografia da cidade fazia com que os rios que nasciam próximos à Serra do Mar, como o rio Tiete e o rio Pinheiros, corressem em direção ao centro do Estado, e não para o litoral. O que tinha sido uma enorme vantagem para os bandeirantes, que usaram os rios para explorar os rincões do Brasil, tornava-se um empecilho para suas idéias.
Piscina no rio Pinheiros na década de 20
Mas a perseverança e criatividade do engenheiro estadunidense, não tinham limites, e novamente ele teve uma idéia que a princípio mostrava ridícula: se os rios correm para a Serra do Mar, por que não reverter seu curso através de estações elevatórias, formando um reservatório que permita a geração de energia?
Pelo sistema Billings, a energia gasta para elevar as águas do Pinheiro até a Serra do Mar é recuperada plenamente pela Usina Hidrelétrica.
Os estudos mostraram que a reversão de toda a bacia do Tietê não seria factível, mas aplicar a ideia de Billings até a confluência entre os Rios Pinheiros e Tietê seria possível.
Desta forma, o Rio Pinheiros seria transformado em um canal desde sua foz até a estação de bombeamento da Traição, que elevaria as águas em cerca de 5 metros , conduzindo-as até a base de uma represa que seria construída nos arredores de Santo Amaro, de onde seriam bombeadas até o Reservatório do Rio Grande, a ser formado por esta barragem.
As águas seriam conduzidas às turbinas através de tubulações que desceriam a Serra.
O maciço da Serra do Mar, que tantos obstáculos havia criado para a colonização do planalto, seria finalmente utilizado a favor dos paulistas.
Confluência dos Rios Pinheiro e Tietê, na década de 20.
O Rio Pinheiro, antes da retificação coordenada pelo engenheiro Billings
À época, o Rio Pinheiros tinha um trajeto sinuoso, formando uma grande várzea inundável, cujos habitantes sofriam com frequentes inundações.
O plano de Billings ainda teria a tarefa adicional de aumentar a eficiência do canal que levaria as águas para o reservatório retificando o curso do rio, que traria um efeito colateral interessante: acabar com as enchentes da região.
A barragem do Rio Grande depois foi expandida, e desde 1949 é chamado de Represa Billings
Barragem do Rio das Pedras onde é possível ver onde termina o planalto e começa o paredão da Serra do Mar.
Casa das Válvulas da Usina de Cubatão, no alto da Serra.Vista espetacular da Baixada santista. Em 1927 tiveram as obras da Usina Hidrelétrica de Cubatão, a barragem do Rio grande (que depois foi expandida e ganhou o nome de represa Bilings e o deslocamento da antiga estarda rio- são Paulo que passava exatamente por uma área que seria submersa.
Casa das Válvula da Usina de Cubatão, no alto da Serra.
Fotos da Usina de Cubatão - Henry Borden durante sua obra
Barragem Rio das Pedras,
1929. Aqui o nível do Reservatório é controlado, e quando sobe muito é
jogado serra abaixo até o Rio Cubatão
Cada da Válvula no alto da Serra
Vista das tubulações externas durante a construção da Usina
Depois de problemas de atrasos nas obras durante o período iniciado a partir da Revolução de 32, a retificação do canal do Rio Pinheiros e as estações elevatórias em seu percurso foram concluídas em 1944, acabando com as grandes inundações que ocorriam em suas margens durante séculos (depois, com a impermeabilização do solo, as inundações voltaram, mas esta é outra história...)
Usina
Elevatória da Traição, ao lado das avenidas dos Bandeirantes e Luis Carlos
Berrini, quando em funcionamento, eleva em 5 metros as águas do Pinheiros.
Interior da "Usina da
Traição"
Com o sistema em pleno funcionamento, a Usina de Cubatão mostrou-se um sucesso acima das expectativas, pois sua queda de 720 metros e o uso das turbinas Pelton, otimizadas para uso com pouco volume de água, mas com alta queda, tornaram-na uma das mais eficientes do mundo.
Turbina
Pelton - Apropriada para pouco volume de água
com alta pressão
Turbina Pelton usada em Cubatão entre 1926 3 1975
O reconhecimento mundial do trabalho de Billings veio em 1936, quando a "Institution of Civil Engineers" de Londres convidou-o a apresentar um relatório sobre o trabalho feito no Brasil, especialmente em São Paulo. O documento "Water-Power in Brazil" tornou-se um clássico no assunto, com leitura recomendada nas Escolas de engenharia de todo o mundo. Seu nome é uma constante na lista dos maiores engenheiros do século XX.
Ordem do Cruzeiro do Sul pelos serviços prestados ao país, o engenheiro a recebeu em 1946.
Durante o período em que Billings esteve no Brasil, entre 1922 e 1949, a geração de energia em São Paulo aumentou de 90 mil quilowatts para de 500 mil quilowatts.
Depois da aposentadoria de Billings, foi construída outra obra fantástica, uma segunda usina subterrânea ao lado da Usina de Cubatão, totalmente escavada na rocha, com os mesmos 720 metros de queda e turbinas Pelton, aumentando a capacidade de geração de energia para 800 mil quilowatts
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Construída depois da época
de Billings, mas mesmo assim uma obra fantástica escavada na rocha, é
resistente a bombardeios de qualquer tipo.
Entrada da Usina Subterrânea
Interior da usina
subterrânea
Além da geração de energia, a Represa Billings tornou-se um dos principais mananciais da região metropolitana de São Paulo. Infelizmente, na década de 80, a poluição das águas do Pinheiros estava tornando as águas da Represa Billings impraticáveis para consumo humano, e o bombeamento foi interrompido. Com isto, hoje a Usina de Cubatão continua na ativa, mas opera com apenas 1/4 de sua capacidade.
Capivaras à beira do Rio
Pinheiros
A poluição é tão alta que a água deixou de ser bombeada para a Represa Billings.
Billings faleceu em sua residência na cidade californiana de La Jolla, em 3 de Novembro de 1949, poucos meses depois de ter se aposentado, deixando aquela que foi sua verdadeira pátria, por quem trabalhou sem parar.
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Da próxima vez que estiver dirigindo pela Marginal Pinheiros, apreciando as margens agora um pouco mais limpas da Billings, fazendo compras nos Shoppings paulistas na região do Brooklin, ou melhor, ao acender uma lâmpada ou beber um copo de água, lembre-se que foi um perseverante e criativo engenheiro americano o responsável por algumas das mais importantes intervenções já realizadas na maior metrópole sul-americana.
Questões sobre engenharia:
1-O sistema de abastecimento de água de uma cidade é caracterizado como portador de suprimento contínuo, porém não-confiável. A fim de garantir que uma residência possua fornecimento ininterrupto de água, o projetista deverá:
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2 - Considerando os princípios que regem a gestão ambiental no Brasil e no mundo, assinale a alternativa correta:
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