terça-feira, 6 de novembro de 2018

Machado de Assis...por profª Alcilene Rodrigues

Literatura brasileira

 Memórias póstumas de  Brás Cubas, ao lado de inúmeras outras qualidades, apresenta uma narrativa absolutamente inovadora, além de uma interessante revisão crítica do Romantismo
Uma das críticas mais eficazes, e que nos interessa particularmente por opor ao Realismo nascente à escola anterior, encontramos no capitulo XIV, em que Brás Cubas, o personagem- narrador, se descreve aos dezesseis anos de idade:

" Ao cabo era um lindo garção, lindo e audaz, que entrava na vida de botas e esporas, chicote na mão e sangue nas veias, cavalgando um corcel nervoso, rijo, veloz, como o corcel das antigas baladas, que o romantismo foi buscar ao castelo medieval, para dar com ele nas ruas do nosso século. O pior é que o estafaram a tal ponto, que foi preciso deixa-lo à margem, onde o realismo o veio achar, comido de lazeira e vermes e, por compaixão, o transportou para os seus livros."

E outro momento, o narrador descreve Virgília, sua amante:

" Era isto Virgília, e era clara, muito clara, faceira, ignorante, pueril, cheia de uns ímpetos misteriosos, muita preguiça e alguma devoção, -devoção ou talvez medo,creio que medo." (cap. XXVII)
 Para não chocar os leitores, o narrador ja advertia que "isto não é romance em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos as sardas e espinhas." " Estas sempre aí, bruxo alusivo e zombeteiro, que resolves em mim tantos enigmas." Carlos Drummond de Andrade no poema " A um bruxo com amor", sobre Machado de Assis e sua obra.

Uma outra passagem desse romance ainda merece destaque. No capitulo CXIV, Virgília se despede de Brás Cuibas e parte para o Norte, no capítulo seguinte, o narrador confessa que não sentiu grandes emoções e aproveita para desferir outra estocada no cambaleante Romantismo e seus seguidores.

"Não se irrete o leitor com esta confissão. Eu bem sei que, para titilar-lhe os nervos da fantasia, devia padecer um grande desespero, derramar algumas lagrimas, e não almoçar. Seria romanesco, mas não seria biográfico. A realidade pura é que almocei, como nos demais dias..."


Exercício: 
Em pequenos grupos releiam, atentamente os fragmentos de Memórias pós-tumas de Brás Cubas, mais uma vez com a postura de um historiador e critico da literatura que se debruça sobre documentos e obras.
A tarefa é a seguinte: buscar, nas passagens transcritas, as oposições entre a narrativa romântica e a nova narrativa realista proposta por Machado de Assis.









quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Soren Kierkegaard...por profª Alcilene Rodrigues

Quem é?


Razão e fé 

Soren Kierkegaard (181-1885), pensador dinamarquês, é um dos precursores do existencialismo contemporâneo. Dentre suas obras, destacamos: Temor e tremor, O conceito de angustia e Migalhas filosóficas.
Severo crítico da filosofia moderna Kierkegaard afirma que desde Descartes até Hegel o ser humano não é visto como ser existente, mas como abstração, reduzido ao conhecimento objetivo, quando na verdade a existência subjetiva, pela qual o individuo toma consciência de si, é irredutível ao pensamento racional, e por isso mesmo possui valor filosófico fundamental. A esse respeito, o professor Benedito Nunes completa:
"Não se diga, porém que ela (a existência) é incognoscível. Ao contrario, dada a imediatidade, para o homem, entre ser e existir, o conhecimento que temos da existência é fundamental, prioritário. O homem se conhece a si mesmo como existente. Esse conhecimento, inseparável da experiencia individual, não transforma a existência num objeto exterior ao sujeito que conhece."
Para Kierkegaar, a existência é permeada de contradições que a razão é incapaz de solucionar.
Critica o sistema hegeliano por explicar o dinamismo da dialética por meio do conceito, quando deveria faze-lo pela paixão, sem a qual o espirito não receberia o impulso para o salto qualitativo, entendido como decisão, ou seja, como ato de liberdade. Por isso é importante na filosofia de Soren Kierkegaard a reflexão sobre a angustia que precede o ato livre.
A consciência das paixões leva o filosofo e também teólogo a meditar sobre a fé religiosa como estagio superior da vida espiritual. Para ele, a mais alta paixão humana é a fé. è ela que nos permite o salto no escuro que é o salto da fé. Mas ela é, também, uma paixão plena de paradoxos. 
Como por exemplo, o filósofo cita Abraão, personagem do Antigo Testamento que se dispõe a sacrificar o próprio filho para obedecer à ordem divina: não porque compreendesse, mas porque tinha fé. O estagio religioso e para Kierkegaard o último de um caminho que o individuo pode percorrer na sua existência, sendo superior inclusive à dimensão puramente ética.


Exercício:
1- O que significa a experiencia religiosa para Soren Kierkegaard?


                                                                   



segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Lawrence Kohlberg....por profª Alcilene Rodrigues

Quem é?


Lawrence Kohlberg (1927-1987), psicologo norte americano, dedicou-se ao estudo da teoria piagetiana, centrando suas atenções na questão moral. Foi professor da Universidade de Havard e realizou diversas experiencias sobre desenvolvimento moral, além de coordenar os projetos de comunidades justas. Acompanhou pessoalmente suas experiencias em varias partes do mundo, como Estados Unidos, Turquia, Israel e Taiwan.
Ao fazer a explicitação dos fundamentos filosóficos de suas atividades, mereceu o diálogo com filósofos como Jurgen Habermas e Karl Otto Apel. A originalidade de sua teoria esta na analise do pensamento pós-convencional, pelo qual amplia o campo da maturidade moral, ao argumentar que não basta o individuo introjetar as normas de sua cultura, mas dever ir além, se percebe que pode haver conflito entre a lei e a justiça. Suas principais obras: O desenvolvimento dos modos de pensamento e opção moral entre dez e dezesseis anos(tese de doutorado na Universidade de Chicago), Do é para o dever ser, Ensaios sobre o desenvolvimento moral (2 volumes), além de outros livros e inúmeros artigos e conferencias.

A teoria de Lawrence Kohlberg:
Uma das diferenças do trabalho de  Kohlberg em relação ao de seu mestre Piaget é que ele rejeita a teoria do paralelismo entre a psicogênese do pensamento logico e a psicogênese da moralidade. Isto é, o desenvolvimento lógico não provoca automaticamente o amadurecimento moral. Se o pensamento lógico formal é condição necessária para a vida moral plena, não é, entretanto, suficiente. Suas observações e experimentações comprovam que a maturidade moral geralmente só pode ser alcançada pelo adulto, cerca de dez anos depois da adolescência e, mesmo assim, depende de condições que examinaremos adiante.
Essa conclusão decorreu de experiencias para averiguar o comportamento moral de grupos os mais diversos, em escolas de diferentes segmentos sociais, em prisões, quarteis e kibutz.  Kohlberg aplicou rico material em grupos de controle em diversos países e acompanhou essas pessoas por vários anos. Por exemplo, em Chicago (EUA), durante 15 anos, realizou entrevistas a cada 3 anos, em um grupo de 75 meninos e rapazes que, no início das experiencias, tinham de 10 a 16 anos.
Para Kohlberg , o nível mais alto da moralidade exige estruturas lógicas novas e mais complexas do que aquelas do pensamento formal. Por isso reformula a teoria dos estágios morais e distingue três grandes níveis de moralidade : o pre-convencional, o convencional e o pós-convencional, cada um deles composto de dois estágios.
                                                                                     



Exercícios
1- Faça o fichamento da teoria de Piaget
2- Faça o fichamento da teoria de Kohlberg
3- Destaque as semelhanças e diferenças entre Piaget e Kohlberg.



quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Respiração humana...por profª Alcilene Rodrigues



Biologia
16ª aula







No ser humano, como nos demais mamíferos, o ar penetra pelo nariz e passa a faringe, a laringe, a traquéia, os brônquios, os bronquíolos e os, alvéolos, nos pulmões, nos quais ocorre a hematose, ou seja, a troca do sangue venoso ou desoxigenado (rico em gás carbônico) por sangue arterial ou oxigenado rico em gás oxigênio).
 O ar entra nos pulmões e saí deles por meio da contração do diafragma- músculo que separa a caixa torácica da cavidade abdominal- e dos músculos intercostais.
Ao se contrair, o diafragma se abaixa, o que, com o movimento dos músculos intercostais, aumenta o volume da caixa torácica, fazendo com que a pressão interna nessa cavidade diminua e se torne menor que a pressão do ar atmosférico. Com isso, o ar penetra nos pulmões. Na expiração o diafragma e os músculos intercostais relaxam-se, o que reduz o volume torácico e empurra para fora o ar usado. Ao contrario do que ocorre nas aves, o pulmão dos mamíferos só absorve oxigênio durante a inspiração.
Os movimentos respiratórios podem ser controlados até certo ponto. Esse controle é feito pelos córtex cerebral (parte mais externa do cérebro). Mas não é possível prender a respiração indefinidamente à medida que a concentração de gás carbônico no sangues aumenta, o centro respiratório localizado no bulbo (uma parte do encéfalo) envia impulsos ao diafragma e aos músculos intercostais, que aumentam a frequência e a intensidade dos movimentos respiratórios. Com isso, acelera-se a eliminação de gás carbônico e a entrada de oxigênio.

Exercícios:
1- Qual a trajetória do ar no ser humano desde sua entrada pelo nariz?
2- No ser humano em que parte dos pulmões ocorre a troca de gases? Como se chama essa troca?
3- Qual o papel do diafragma na respiração?








segunda-feira, 2 de julho de 2018

O expressionismo...por profª Alcilene Rodrigues

  Artes




O critico e historiador da arte Dietmar Elger assim abre seu volume sobre o expressionismo:

O termo expressionismo é, em todos os sentidos, multifacetado e vasto, sendo quase impossível defini-lo de forma precisa. Além disso parece ter várias origens... não é possível falar de um estilo expressionista uniforme, com características tipicas...  o Expressionismo parece ser mais a expressão da forma de vida de uma geração jovem, a qual somente tinha um ponto em comum: a rejeição das estruturas politicas e sociais vigentes.


O que parece ser consensual é que o expressionismo moderno já se manisfestara em obras de Edvard Munch (um crítico de arte, ao se referir à tela: O grito e contrapô-la às obras impressionistas, teria empregado o termo expressionismo pela primeira vez), Gauguin e Van Gogh, floresceu na Alemanha e teve seu melhor momento entre os anos 1905 e 1920. Esses artistas jã manisfestavam emoções de medo, angústia, dor e ansiedade pelo choque de cores vibrantes, distorções e exageros de formas. Dessa forma, as figuras humanas retratadas nas telas expressionistas não tem os traços bem definidos, pelo contrario apresentam rostos e corpos distorcidos, assemelham-se a máscaras, a caricaturas. Exatamente por isso, a partir de 1933, acentua-se o declínio da estética expressionista com a ascensão de Hitler na Alemanha, segundo as novas diretrizes, buscava-se uma arte pura, limpa, que retratasse a superioridade germânica, jamais uma caricatura.


Em Numa rua de Berlim, o pintor Ernst Ludwing Kirchner apresenta sua visão do mundo moderno, às portas da Primeira Guerra Mundial, olhares perdidos e as feições distorcidas contrastando com a ostentação das vestimentas, o choque provocado pelas cores vibrantes das figuras que aparecem em primeiro plano contrastando com a dispersão sombria da multidão em segundo plano.


Em 1912, Anita Malfatti, uma jovem paulista de 16 anos, parte para a Alemanha, já matriculada na Escola de Belas Artes de Berlim. Lá, entra em contato com o Expressionismo alemão, retornando, maravilhada, em 1914, quando realiza sua primeira exposição, em São Paulo. Sua segunda exposição, em 1917, desencadeou uma série de reações e acabou sendo o fato gerador da mostra de arte moderna que se concretizara em 1922.  


O japonês, uma das telas expostas por Anita Malfatti em 1917, Monteiro Lobato publicou violento artigo questionando a estética da jovem pintora.


Exercícios:
1- Das três emoções profundas citadas pelo critico, qual predomina na tela O grito?
2- Munc afirmava: Não devemos pintar interiores com pessoas lendo e mulheres tricotando, devemos pentar´pessoas que vivem, respiram, sentem, sofrem e amam, Uma obra de arte só pode provir do interior do homem. A arte é a forma da imagem formada dos nervos, do coração, do cerebro e do olho do homem. Comente alguns detalhes da tela que comprovam a proposta de Much.
3- Passeava pela estrada com dois amigos, olhando o por dos ol, quando o céu de repente se tornou vermelho como sangue. Parei, recostei me na cerca, extremamente cansado, sobre o fiorde preto azulado e a cidade estendiam-se sangue e línguas de fogo. Meus amigos foram andando e eu fiquei, tremendo de medo, podia sentir um grito infinito atravessando a paisagem.
Much escreveu esse texto para explicar a tela, tornando publico o exato momento de apreensão de uma realidade depois transformada em objeto de arte. A partir desse testemunho, como podemos entender a figura que aparece gritando em primeiro plano? Para quem ela grita?
4- Você acha que a arte deve sempre retratar as coisas belas, o mundo organizado e equilibrado? Por que?

                                                                               

sábado, 2 de junho de 2018

A escolástica: Tomas de Aquino........por profª Alcilene Rodrigues

aula de história



                                                                     


No século XIII, deu-se o apogeu da escolástica, escola cristã na qual destacou-se a obra de Tomas de Aquino (1225-1274). O tomismo caracterizou-se pela grande síntese do aristotelismo e pela densa discussão a respeito das verdades teológicas da fé cristã.
Naquele século os tempos já eram outros, com o renascimento das cidades e a intensificação do comercio, o debate das ideias nas universidades e provocação das heresias, que desafiavam a ortodoxia religiosa. Também Tomás de Aquino mudou o enfoque dos temas políticos e, sob a influencia de Aristóteles, debruçou-se sobre questões como a natureza do poder e das leis e o tema clássico do melhor governo.
No entanto, coerente com a visão religiosa do mundo, conclui que o Estado conduz o ser humano até um certo ponto, quando então é necessário o concurso do poder da Igreja, sem dúvida superior, e que cuidará da dimensão sobrenatural de seu destino. Embora mantendo a hierarquia entre as duas instancias, atenua sem duvida os excessos da doutrina nascida do conflito entre Igreja e Estado.
A tento ao risco da tirania, entende a paz, social como resultado da unidade do Estado e valoriza a virtude do governante, dando continuidade à versão da politica grega, que prescreve o comportamento virtuoso do governante.
Durante a Idade Média essas teorias foram adaptadas pelos religiosos, de modo a não conflitarem com o Cristianismo.

                                                                                

Exercícios:
Dissertação:
A Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus.

   



quarta-feira, 2 de maio de 2018

Santo Agostinho, bispo de Hipona...........profª Alcilene Rodrigues




Quem é?



                                                                                


Na cidade de Tagaste, hoje Souk-Ahras, na Argélia, norte da Africa, nasceu Aurélio Agostinho (354-430), que seria bispo de Hipona e posteriormente canonizado pela igreja Católica. Apesar de ter vivido no final da Antiguidade, antes da queda do Império Romano, suas teorias fertilizaram todo o primeiro período da Idade Média. Na sua juventude interessou-se pela religião dos maniqueus, o que despertou sua curiosidade pelas questões sobre o bem e o mal. Após uma juventude conturbada, voltada para os prazeres, converteu-se ao cristianismo por influencia de sua mãe,  igualmente canonizada: Santa Monica.
Adaptou o platonismo à fé católica e escreveu diversos livros: Confissões, De magistro, A cidade de Deus.
Sobre o tema das relações entre Estado e Igreja, debruçaram inicialmente os Padres da Igreja, ou Patrística, da qual participaram os intelectuais católicos, com destaque para Agostinho.
Na obra A Cidade de Deus, Agostinho trata das duas cidades, a cidade de Deus e a cidade terrestre, que para ele não devem ser entendidas simplesmente como reino de Deus que se sucede à vida terrena,mas conforme o paralelismo entre dois planos de existência na vida de cada um. Ou seja, todos vivem à dimensão terrena vinculada à sua história natural, à moral, às necessidades materiais e ao que diz respeito a tudo o que é perecível e temporal.  Outra dimensão é a celeste, que corresponde à comunidade dos cristãos, a qual vive da fé e se inspira no amor a Deus. A cidade terrestre é o reino do pecado e será aniquilada no fim dos tempos. A cidade de Deus opõe a graça ao pecado e a eternidade à finitude.

Agostinismo politico
A repercussão da teoria das duas cidades, à revelia do autor, desembocou na doutrina chamada  agostinismo político, que influenciou todo o pensamento medieval.
Essa teoria define o confronto entre o poder do Estado e o da Igreja pela superioridade do poder espiritual sobre o temporal. A tensão entre os dois poderes assumiu diferentes expressões no decorrer do período, criou inúmeros conflitos entre reis e papas e gerou facções politicas, como veremos mais adiante.

Embora a oposição entre Estado e Igreja já viesse de longa data, foi o beneditino Bernardo de Claraval, no século XII, que formulou de maneira mais expressiva o pensamento político- religioso medieval por meio da figura da luta das duas espadas:
A espada espiritual e a espada material pertencem, uma e outra, à Igreja e a segunda deve ser manejada a favor da Igreja e a primeira pela própria Igreja, uma está na mão do padre, a outra na mão do soldado, mas à ordem do padre e sob o comando do imperador.


Exercício:
1- O que é agostinismo político?






segunda-feira, 23 de abril de 2018

Direitos Humanos no Brasil.....profª Alcilene Rodrigues

26ª aula
História



Em 10 de dezembro de 2008, a Declaração Universal dos Direitos Humanos completou 60 anos de idade. Mas os direitos e as garantias fundamentais estabelecidos em seus 30 artigos parecem, ainda hoje, um pálido ideal a ser conquistado num futuro ainda longínquo. Basta uma rápida olhada ao redor para constatar que os direitos humanos são cotidianamente desrespeitados e negados a grande parte da população do planeta, a começar pelo artigo 1º da Declaração: Todas as pessoas nascem livres iguais em dignidade e direitos.


Além de tal desrespeito,os direitos humanos ainda são vistos por muitos com enorme desconfiança: para uns não passam de direitos de bandido; para outros, trata-se de uma invenção hipócrita do Ocidente, cujo verdadeiro objetivo não seria garantir direitos, mas sim expandir os valores europeus e liberais, impondo-os arbitrariamente aos mais diferentes rincões do planeta, em desrespeito às diversidades culturais e tradições liminares.
 A discussão sobre direitos humanos não pode ser reduzida a esses termos, sob o risco de ser empobrecida. É preciso levar em conta o amplo leque de conquistas realizadas em boa parte do planeta nos últimos 60 anos e no Brasil nas três décadas. Sem esquecer, claro, dos direitos ainda a serem conquistados.
Um bom exemplo das notáveis transformações do cenário brasileiro é destacado pela professora de Direito Flavia Piovesan, a respeito dos casos de violação de direitos humanos. De acordo com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), no período entre 1970 e 2004, foram registrados 75 casos de violação de direitos humanos não solucionados pelo Estado Brasileiro.
Com base nos casos destacados pela professora Flavia Piovesan, pode extrair o seguinte:
Violação dos direitos humanos no Brasil (1970-2004):
Números de Casos - Objetivos Discutidos
 10                              Detenção arbitraria, tortura e assassinato cometido pelo governo brasileiro
 02                              Violação dos direitos de povos indígenas
 13                               Violência rural
 34                               Violência policial
 05                               Violação de direitos de crianças e adolescentes
 04                               Violência contra a mulher
 01                               Discriminação racial
 06                               Violência contra defensores de direitos humanos

Agora os aspectos mais relevadores dessa pesquisa.
Conforme aponta Flavia Piovesan, apenas onze casos - incluindo todos aqueles que denunciam detenção arbitrária, tortura e assassinato pelo governo - referem-se ao período compreendido entre 1970 e 1985, anos do governo militar. O perfil das vítimas de violação dos direitos humanos era majoritamente de classe média (advogados, professores, estudantes,lideres da igreja católica, etc.) 
A grande maioria dos outros 64 casos concentra-se entre os anos de 1992 e 2004, durante o amadurecimento de nossa recente democracia. Nesse segundo período, mudou o perfil das vítimas: destacam-se as pessoas pobres (que vivem em favelas, ruas, estradas, prisões e até mesmo em regime de trabalho escravo no campo) ou pertencentes a grupos vulneráveis ( mulheres, negros, crianças e adolescentes, entre outros).
Como interpretar esses dados? Seria incorreto considerar que durante o governo militar apenas a classe média estivesse sujeita a violação de direitos humanos e que a classe mais pobre e vulnerável vivesse melhor.
Durante a ditadura militar, o Brasil resistiu em aderir aos tratados internacionais de direitos humanos, uma vez que o próprio regime- autoritário e não democrático- praticava direta e explicitamente a violência. Apesar de não poder contar com o Poder Judiciário, a classe média atuante conseguiu levar o conhecimento da CIDH aqueles poucos casos, entre tantos outros que nem sequer foram objeto de denuncia ou então ficaram sem solução.
A população pobre e vulnerável, por sua vez, era e continua sendo vítima da constante violação dos direitos humanos. A diferença é que, durante a ditadura, essa população não tinha a quem recorrer, por isso a violência permanecia invisível aos olhos da população privilegiada e, pior ainda, do Poder Judiciário.
Após a redemocratização da politica brasileira, porem, foram ratificados diversos tratados internacionais de direitos humanos. A população pobre, com auxilio de grupos organizados da sociedade civil (e agora não mais reprimidos pelo regime), passou a exigir solução jurídica para as violências recorrentes das quais são vitimas, o que justifica o maior número de casos analisados pela CIDH.
Apesar do esforço, o Brasil não conseguiu romper com a mentalidade autoritária do regime militar, o que se nota pelo número elevado de casos de violência sistemática praticada ainda hoje pela policia. Se antes era o próprio Estado que praticava a violência contra segmentos da classe média que lhe faziam oposição, hoje é a policia quem exerce contra a população mais pobre. Muitas vezes, diante desses fatos persiste o silencio cúmplice do setor mais conservador da classe média, além da omissão do estado, às vezes incapaz de deter os abusos praticados por seus agentes.
Esse é o cenário dos direitos humanos no Brasil. Para debater mais sobre os direitos humanos hoje em dia, é preciso compreender a evolução histórica dos direitos, não só no Brasil mas também no mundo.

Exercícios:
1- Escreva com suas palavras qual foi a conclusão de Flavia Piovesan sobre os 75 casos de violação de direitos humanos que foram levados à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)
2- Em 10 de dezembro de 2008, foram comemorados os 60 anos da assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Como você interpreta a imagem do poster de comemoração? O que significa a frase temática: Iguais na Diferença?


3- Escreva uma dissertação com argumentos que justifiquem seu ponto de vista sobre o tema : Direitos humanos são direitos de bandidos?







                                                                               




quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Constituições brasileiras...por profª Alcilene Rodrigues

História 

25ª aula
                                                                              


Constituição de 1824: Primeira Constituição Brasileira, outorgada por Dom Pedro I. Os escravos, que eram uma parte importante da população, estavam excluídos de seus dispositivos, não eram, portanto cidadãos. Embora a adoção de uma Constituição tenha representado um avanço, tanto em termos de organização e definição do Estado, quanto em termos de direitos individuais, na pratica sua aplicação foi relativa.

Constituição de 1891: Primeira Constituição republicana, promulgada por uma Assembléia Nacional Constituinte.Garantia o voto direto universal, declarando eleitores todos os cidadãos brasileiros maiores de 21 anos, com exceção dos analfabetos, mendigos e praças militares. Não mencionava as mulheres, mas elas estavam implicitamente impedidas de votar. A Constituição de 1891 também instituiu a separação entre estado e Igreja e a liberdade de culto.

Constituição de 1934: Igualmente promulgada por uma Assembléia Nacional Constituinte, assemelhava-se à Constituição de 1891, mas trazia algumas mudanças. Instituiu o voto secreto e o voto feminino. Também tratou dos direitos sociais, dispondo sobre a legislação trabalhista e estabelecendo o ensino primário gratuito e de frequência obrigatória.

Carta de 1937: Outorgada por Getúlio Vargas em 10 de novembro, mesmo dia em que foi fechado o Congresso Nacional, tinha conteúdo autoritário e centralizador.Suspendeu as liberdades civis, mas manteve os direitos sociais.

Constituição de 1946: Promulgada por uma Assembléia Nacional Constituinte, representou o retorno das liberdades civis e estabeleceu o direito e a obrigação de votar para todos os brasileiros alfabetizados maiores de 18 anos de ambos os sexos.



Constituição de 1967: Aprovada pelo Congresso por iniciativa do governo Castelo Branco, incorporou a legislação emitida a partir de 1964, que ampliava os poderes do Executivo, mas deixou de fora os dispositivos excepcionais que poderiam permitir novas cassações de mandatos ou perdas de direitos políticos.

Constituição de 1988: Promulgada por uma Assembleia Nacional Constituinte e chamada de Constituição Cidadã, representou não só o retorno dos direitos dos direitos civis e políticos como também a extensão dos direitos sociais.
A Constituição de 1988 foi o coroamento do fim do regime autoritário, conhecido como regime militar, sob qual o Brasil viveu de 1964, quando o presidente João Goulart foi deposto, a 1985, quando teve início o governo José Sarney. Esse longo período se caracterizou pelo cerceamento da liberdade de manifestação da opinião, pela proibição e a censura de manifestações culturais, artísticas e intelectuais consideradas subversivas, e também por um processo de perseguição, prisão e tortura dos que se contrapunham ao governo e as orientações politicas dele derivadas. O rigor da repressão desencadeada entre o fim dos anos 1960 e o início da década de 1970 fez com que esse período se tornasse conhecido como anos de chumbo. Já nos anos anos finais do regime militar foram dados os primeiros passos no sentido de uma abertura politica, entre os quais se destacou a Lei de Anistia.


                                                                                  




Testando seus Conhecimentos:
1- Você aprendeu que a Constituição ou Carta Magna é o documento mais importante de um Estado. Explique a importância desse documento e em seguida responda: quem é o autor ou quem são os autores da Constituição de um país?
2-Defina o que é um regime politico autoritário e um regime politico democrático.








quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Política Exterior do 1º Período Republicano do Brasil...por profª. Alcilene Rodrigues

História do Brasil 
24ª aula


As questões de limites de fronteiras.


Durante o primeiro período republicano (até 1930),o grande brasileiro que resolveu quase todas as questões de limites, fixando as fronteiras do Brasil, foi o Barão do Rio Branco, chamava-se Jose Maria da Silva Paranhos Junior e era filho do Visconde do Rio Branco, o grande ministro que, em 1871, teve a iniciativa da Lei do Ventre Livre.Entre o Brasil e a Argentina havia, desde o Império, a questão do território de Palmas que os argentinos chamavam a questão das Missões. Considera a nação vizinha como limites dessa região os rios Chopim e Chapecó enquanto que o Brasil admitia o Pepiri- Guaçu e o Santo Antonio.
Durante o governo provisório, pretendeu o ministro das Relações Exteriores, Quintino Boacaiúva, resolver a questão, dividindo entre duas nações o território disputado. Essa solução provocou, porém, vivos protestos do Rio de Janeiro e não teve aprovação do Congresso. Já nessa ocasião o Brasil havia adotado o arbitramento: os Estados em discórdia recorriam à intervenção de um outro, que servia de mediador ou arbitro. Ficou então estabelecido que a questão de Palmas seria submetida ao arbitramento do presidente dos Estados Unidos, Grover Cleveland.. Com a brilhante defesa da causa brasileira, feita pelo Barão do Rio Branco, a sentença do árbitro foi favorável ao Brasil, pois reconhecia como limites da região os rios Pepiri-Guaçu e Santo Antonio.
Com a França houve a questão do Amapá. Desde o período colonial que este país reconhecia como limite da Guiana Francesa o rio Oiapoque que os franceses chamavam Vicente Pinzon. Mais tarde, porém, levantou-se a questão de que esses dois nomes designavam rios diversos, sendo o Vicente de Pinzon aquele que o Brasil chamava Araguari e não o Oiapoque. Assim, estava o Brasil ameaçado de perder parte do território do Amapá.Mas o Barão do Rio Branco, com numerosos documentos e mapas, defendeu os direitos da pátria e alcançou a brilhante vitória com sentença do árbitro, que foi o governo da confederação Suíça.
Para resolver a questão do Acre, o Barão Branco negociou diretamente com o governo boliviano, assinando em  1903, o Tratado de Petrópolis. O Brasil recebia o Acre, como compensação, pagava à Bolívia, dois milhões de libras e construía a Estrada de Ferro Madeira- Mamoré, para facilitar o transporte de mercadorias daquele país pelo vale Amazonas.
Na questão com a Guiana Inglesa, os direitos do Brasil foram defendidos por Joaquim Nabuco. Mas a sentença do rei da Itália, escolhido como árbitro, foi injusta:dividiu o território disputado (região do Pirara), alcançando os ingleses o vale do Amazonas pelos limites, rios Tacutu e Maú.

Outras questões diplomáticas


Ainda no primeiro período republicano, durante o governo de Prudente de Morais, os ingleses ocuparam a ilha da Trindade. Ante as reclamações do governo brasileiro, a Inglaterra propôs que a questão fosse submetida ao arbitramento mas o Brasil recusou energeticamente esse recurso, pois não havia duvidas sobre seus direitos. Contudo, concordou em aceitar um mediador que foi o rei de Portugal, D. Carlos I. Com a opinião desse soberano, favorável à causa brasileira, a Inglaterra renunciou à posse da ilha da Trindade.

O Brasil participou das Confederações Internacionais Americanas, que se reuniam periodicamente, com o objetivo de fortalecer a paz e harmonia entre as nações da América. A terceira dessas conferencias teve por sede o Rio de Janeiro e reuniu-se em 1906, quando era ministro das Relações Exteriores o Barão do Rio Branco. E em Haia, na Holanda, quando houve, em 1907, a Conferencia Internacional da Paz, também o Brasil enviou seu representante, Rui Barbosa, que defendeu a causa dos pequenos Estados.
Outro acontecimento importante da politica exterior do Brasil, no primeiro período republicano, foi a participação do país na Primeira Guerra Mundial, já em 1917. No ano anterior, Rui Barbosa, em Buenos Aires, durante as festas do centenário da Independência da Argentina, fez brilhante conferencia em favor da entrada da América no conflito.
O Brasil foi ainda membro da Liga das Nações, fundada depois da Primeira Guerra Mundial, pelo presidente Wilson, dos Estados Unidos, com o propósito de resolver por meios pacíficos os desentendimentos entre as nações, evitando o perigo de novas guerras.

Exercícios:

1- Como foi a questão do território de Palmas?
2- Que é arbitramento?
3- Como foi a questão do Amapá?
4- Que estabelecia o Tratado de Petrópolis?