quarta-feira, 26 de março de 2014

O 'jeitinho brasileiro'......por profª Alcilene Rodrigues

Leitura complementar para quando falarmos de Sérgio Buarque de Holanda, em uma próxima aula:



Todo brasileiro sabe o que é um "jeitinho". Uma carona no ônibus, uma carteira de motorista comprada, ou uma alternativa criativa para se livrar de uma multa de transito: são inúmeras as situações do dia a dia que podemos identificar como exemplos de prática do famoso jeitinho brasileiro.

Mas o que o jeitinho pode nos dizer sobre nossa sociedade? A antropóloga Lívia Barbosa mostrou que sim.Em seu livro O jeitinho brasileiro ou a arte de ser mais igual que os outros (1992), a pesquisadora fez, através de uma série de entrevistas, uma verdadeira radiografia dessa pratica social tão conhecida entre nós, mostrando que ela revela, acima de tudo, a dificuldade do brasileiro em lidar com o principio básico de igualdade.
De acordo com a autora o jeitinho é uma reação comum do brasileiro quando confrontado com um não pode, com um impedimento legal, como por exemplo, a proibição de estacionar em determinados lugares.Também conhecido como quebra-galho ou malandragem, o jeitinho seria uma forma especial de resolver uma situação difícil. Uma das principais características do jeitinho é segundo o estudo, o fato de ele ser aceito e praticado por todas as camadas sociais, dependendo, assim, da capacidade de cada um para conseguir dar uma solução criativa a uma impossibilidade formalmente imposta. O sucesso ou não do jeitinho depende, portanto, de características pessoais, como o carisma, a simpatia, o jogo de cintura, etc.
 E como o jeitinho é visto pelos brasileiros? Lívia Barbosa afirma que a grande maioria dos entrevistados o situa entre o favor e a corrupção, e que a diferença entre esta ultima e o jeitinho está, sobretudo, no montante de dinheiro envolvido. É importante frisar que a pesquisa mostrou não haver uma distinção nítida entre essas três práticas, que uma multa aliviada por guarda pode, dependendo da situação, ser vista como um favor, um jeitinho ou um ato de corrupção.
Sempre permeado por discurso emocional. O jeitinho tem inevitável apelo à simpatia e à comoção do interlocutor. Ele é assim, uma forma peculiar de sobrepor os interesses pessoais aos princípios da igualdade garantida por lei, numa pratica que deixa bastante clara a relação complexa do brasileiro com os limites entre o mundo do privado e o mundo do público.




"Nunca gostei desse "jeitinho brasileiro" de maneira alguma, tenho minha opinião se não for para todos igualmente, nada feito! Não é não e Sim é sim, mas em cima do muro, NUNCA!"



Assimilando conceitos:
Texto 1:
De fato, como é que reagimos diante de um: você não pode é proibido?
Quando você chega no seu serviço e vê o "poderoso chefão" de outra seção colocar o dedo no relógio de ponto eletrônico e  ir embora sem o menor constrangimento, já com um táxi na porta esperando para levá-lo a outro emprego que provavelmente tem porque sai sempre com um avental branco com outro logotipo de empresa diferente da sua onde trabalha (ops... esqueci de um detalhe importante:  já é aposentado...e continua mamando no governo...ocupando o cargo de quem é honesto!), e aproveitando sua ausência os servidores da sala dele fazem  o mesmo? É um verdadeiro entra e sai, todos os dias, e todos ganham gratificações e ganham mais  para trabalharem 8 horas, há folga semanal que luxo, hein ! ( quero saber que lei é essa que dá folga para alguns servidores, ahhh sociedade brasileira como você é enganada e roubada). Além de não terem prestado concurso para o cargo, como manda os princípios universais e seus objetivos. Pois é, deram um "jeitinho brasileiro" de criarem um órgão público, favorecendo um pequeno grupo de maneira pessoal  e não impessoal de mostrarem apenas currículos e  diplomas (tão ilegal que não puderam nem alterar o nome do cargo público que ocupam por outro de denominação diferente, porque isso iria provocar escândalo público e todos entrariam na justiça, por aí já se mostra a ilegalidade dessa lei absurda), e outros servidores que não mostraram nada também foram favorecidos como a copeira, que tratou de aposentar para não perder a 'boquinha". (se fosse um país sério todos estavam no olho da rua, e teriam que devolver o que receberam indevidamente, sem direito a NADA).  E você e demais servidores que eles julgam que são tolos (porque se julgam inteligentes e espertos), sem
noção de direitos e que não estão percebendo o comportamento individual daquele grupo "do entra e sai", que chega sem nada nas mãos ou quando chegam com sacolas de compras, vindos da aula de natação, cabeleireiro, etc, mas nunca chegam com algo que diz respeito ao serviço como processos por exemplo, você que age como a lei pede, chega todo machucado, por que antes levou um tombo na rua por pressa em chegar no horário, tudo por causa do atraso do trem e não seu. Você coloca a digital e tem que permanecer no local de trabalho por que a lei manda, apesar do seu esforço em estudar e também possuir diplomas e qualificações, não ganha gratificação e nem tem salário dobrado e tem que ficar no mesmo local, fazendo presença para que ninguém perceba que aquele bando de 'fora da lei', não cumprem seus deveres e obrigações e que a máquina pública é uma farsa. Aí você começa a perceber que algo está errado e não é possível, e logo você começa a perceber que esta ocorrendo injustiça porque tudo começou com o tal" jeitinho" de ganhar sem trabalhar ou seja roubar o governo, ou melhor o país, não há cumprimento da lei trabalhista, não cumprem a isonomia salarial proposta na Constituição e fazem o que querem com o dinheiro de uma nação sem consulta pública criam órgãos públicos para cabides de empregos, desrespeitando a democracia do Estado e isso causa repúdio, então você começa a pensar na junção do "pode" e "não pode". Pois bem, é essa junção que produz todos os tipos de jeitinhos e arranjos que fazem com que possamos operar um sistema legal que quase sempre  nada tem a ver com a realidade social.

Texto 2:

Responda:
No texto 1 você encontra um jeitinho brasileiro para beneficiar um pequeno grupo "fora da lei "e no texto 2 uma charge ilustrando com ironia uma situação onde o jeitinho é aplicado. Descreva a imagem, destacando as características do" jeitinho", apontadas.





terça-feira, 18 de março de 2014

A vida do Barão do Rio Branco..por profª Alcilene Rodrigues

Quem é?
                                      Jose Maria da Silva Paranhos Junior

O Barão do Rio Branco, José Maria da Silva Paranhos Junior, diplomata e historiador brasileiro,  nasceu em 20 de abril de 1845, no Rio de Janeiro. Faleceu em 10 de fevereiro de 1912, na mesma cidade. Foi durante muitos anos cônsul em Liverpool, na Inglaterra. Já então havia escrito vários trabalhos de História, sendo o primeiro, uma biografia do Barão do Serro Largo, que morreu na batalha de Ituzaingó, durante a guerra da Cisplatina ( já comentada no meu blog).
Depois de defender com brilhantismo os direitos do Brasil nas questões de fronteiras com a Argentina e a Guiana Francesa, o ilustre brasileiro foi convidado pelo presidente Rodrigues Alves para ocupar o ministério das Relações Exteriores. Foi então que Rio Branco voltou ao Brasil, depois de vinte e seis anos de ausência, e ao desembarcar no Rio de Janeiro recebeu grande manifestação popular. Como ministro serviu à República desde 1902, até a sua morte ocorrida em 1912.

Funerais do Barão do Rio Branco, comoção nacional. Direção: Alberto Botelho. Companhia Produtora: P. Botelho Cia; Brasil Filme. Fotógrafo(a): Fotógrafo não identificado   




O Barão do Rio Branco defendeu o ponto de vista de que o Brasil, para ser respeitado, devia possuir território definido. Por isso assinou com os países vizinhos vinte e nove tratados de limites e procurou fortalecer os laços às amizades que unem o Brasil ás outras repúblicas do continente.
Uma das melhores provas da política de boa vontade do Barão do Rio branco com os Estados vizinhos foi dada quando sugeriu ao governo brasileiro o ato da 1909 que deu também ao Uruguai o direito de navegar no rio Jaguarão e Lagoa Mirim, direito que até então era exclusivo do Brasil.

É importante lembrar também que Rio Branco foi sempre monarquista mas suas idéias políticas não impediram de servir como ministro de vários governos republicanos, é que o grande brasileiro achava que para servir ao Brasil não se deve levar em consideração o seu regime político, coisa que nenhum político atual segue o exemplo, deixando a corrupção invadir nosso Brasil, é o que penso!






                      O presidente Afonso Pena e o ministro Barão do Rio Branco.

O Barão do Rio Branco com sua filha Hortência e um grupo de amigos.


O nome do Barão do Rio Branco está de tal modo integrado no espírito nacional como "um cidadão brasileiro, super diplomático, de moral ilibada, ético e honesto" que ajudou a compor o território desse abençoado solo, cujos limites prevalecem até hoje. O Barão do Rio Branco é um brasileiro que fez a diferença! 

Questionário:
1- Como começou o Barão de Rio Branco com sua carreira diplomática?
2-Pesquisar quem foi o Barão de Serro Largo.
3- Quanto tempo foi o Barão de Rio Branco ministro das Relações Exteriores?
4- Quantos tratados de limites assinou o Barão de Rio Branco com as nações vizinhas?
5-Que sugeriu o Barão ao governo sobre a navegação do rio Jaguarão e Lagoa Mirim?
6- Quais era as idéias politicas do Barão do Rio Branco?
7- Em que questão de limites teve participação Joaquim Nabuco, pesquisa fora do texto, viu?



domingo, 9 de março de 2014

As bombas atômicas contra Hiroshima e Nagasaki - Rosas Malditas...por profª Alcilene Rodrigues

  História Geral - 15 ª aula.

               Os cogumelos de fumaça sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki

Até o célebre Albert Einstein, exilado nos EUA desde 1933, alertara sobre a necessidade de fabricar uma arma nuclear antes que os nazistas o fizessem. Mas foi somente com o ataque a Pearl Harbor que o governo decidiu investir no projeto. Em 1942, o Projeto Manhattan, sob chefia cientifica do físico Julius Robert Oppenheimer, desenvolveu bombas atômicas. Como o presidente Roosevelt falecera em abril de 1945, o presidente em exercício, Harry Trumam, decidiu utlizá-las contra o Japão, alegando que um ataque terrestre causaria a morte de muitas pessoas. A primeira bomba foi jogada no dia 6 de agosto em Hiroshima, provocaria a morte de cerca de 200 mil pessoas e a destruição de 60% dos edifícios da cidade em questão de segundos.
Em Hiroshima foi jogada a bomba atômica “Little Boy” .(foto abaixo)

(A bomba “Little Boy” possuia 60 kg de urânio, ao ser jogada, detonou a 576 metros de altura. Levou 43 segundos para cair, e automaticamente, os gatilhos de tempo e barométrico acionaram o detonador que disparou um projétil de urânio que iniciou uma reação em cadeia.)
 A segunda bomba Fat Man foi lançada três dias depois sobre Nagasaki, matando mais 80 mil pessoas, mesmo caindo fora do alvo. Dois cogumelos malditos, duas rosas de sangue. O terror atômico pôs fim à resistência japonesa e, no dia 2 de setembro, o Japão rendeu-se incondicionalmente.
Até os dias de hoje, as duas bombas foram as únicas armas nucleares utilizadas de fato numa guerra. Estima-se que cerca de 140.000 pessoas morreram em Hiroshima e 80.000 em Nagasaki, além das mortes ocorridas posteriormente aos ataques em decorrência da exposição radioativa.
A maioria dos mortos era composta por civis, mulheres, idosos e crianças, pessoas que não estavam combatendo na guerra.

As bombas atômicas forçaram a rendição das tropas do Império do Japão em 15 de agosto de 1945, em 2 de setembro do mesmo ano foi assinado o armistício oficial e o fim da II Guerra Mundial.

(Hiroshima arrasada: 150 mil pessoas morreram instantaneamente outros milhares morreram em consequência da radiação)



As bombas foram resultado do Projeto Manhattan, um trabalho planejado pelos EUA em parceria  com o Reino Unido e o Canadá. O propósito inicial era ter uma bomba contra a Alemanha Nazista.
Com as bombas jogadas no Japão encerrou-se a mais terrível guerra da humanidade, custo cinco vezes do que a Primeira Guerra, batalhas em que quase todos os continentes e oceanos, 45 milhões de seres humanos mortos: 26 milhões na Russia, dos quais a maioria era de civis, graças aos bombardeios e campo de concentração. 
Exercícios:
 1-As bombas atômicas, lançadas contra Hiroshima e Nagasaki em 1945, resultaram na morte de aproximadamente 300.000 pessoas, vítimas imediatas das explosões ou de doenças causadas pela exposição à radiação. Esses eventos marcaram o início de uma nova etapa histórica na corrida armamentista entre as nações, caracterizada pelo desenvolvimento de programas nucleares com finalidades bélicas. Considerando essa etapa e os efeitos das bombas atômicas, analise as afirmações abaixo.
I. As bombas atômicas que atingiram Hiroshima e Nagasaki foram lançadas pelos Estados Unidos, único país que possuía esse tipo de armamento ao fim da Segunda Guerra Mundial.
II. As radiações liberadas numa explosão atômica podem produzir mutações no material genético humano, que causam doenças como o câncer ou são transmitidas para a geração seguinte, caso tenham ocorrido nas células germinativas.
III. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, várias nações desenvolveram armas atômicas e, atualmente, entre as que possuem esse tipo de armamento, têmse China, Estados Unidos, França, Índia, Israel, Paquistão, Reino Unido e Rússia.
Está correto o que se afirma em:

2- Na II Guerra Mundial, as bombas atômicas de Hiroshima e Nagazaki foram consideradas crimes de guerras, porque:
a) o conflito já tinha terminado em agosto de 1945 e a resistência japonesa era mínima em Pearl Harbour.

b) as bombas faziam parte de um esquema de testes militares.

c) os E.U.A. queriam impor o seu domínio à Alemanha.

d) os E.U.A. pretendiam deter o avanço dos soviéticos na Ásia.

e) as bombas tinham um único alvo: os japoneses no Pacífico.

3-Assista ao vídeo e responda:
"Pensem nas crianças Mudas telepáticas. Pensem nas meninas Cegas inexatas.   Pensem nas mulheres Rotas alteradas. Pensem nas feridas Como rosas cálidas.  Mas oh! não se esqueçam Da rosa de Hiroshima. A rosa hereditária a rosa radioativa Estúpida e inválida.  A rosa com cirrose. A anti-rosa atômica.  Sem cor, sem perfume Sem rosa, sem nada"

 "Rosa de Hiroshima" (Gerson Conrad e Vinícius de Moraes). Podemos considerar que o texto acima debate:

a) a herança terrível das bombas atômicas atiradas em Hiroshima e Nagasaky, no final da 2 Guerra Mundial, levantando a necessidade de sua lembrança para defendermos a paz.

b) a poesia não trata dos problemas relativos à bomba atômica, à guerra e à paz.

c) as armas atômicas nunca seriam usadas como forma de poder entre as potências mundiais.

d) a paz só será garantida com a utilização de armas atômicas.

e) as armas atômicas deixaram poucas heranças culturais e políticas durante o período da Guerra Fria.


Você sabia:
Durante os conflitos da Segunda guerra Mundial, o bombardeio B-29 que lançou a bomba atômica em Hiroshima, em 6 de agosto de 1945, foi batizado de Enola Gay. O avião era pilotado pelo coronel Paul Tibbets Jr, na época, comandante número 509 do Grupamento Aéreo dos EUA.


O avião B-29 era um quadrimotor batizado de Enola Gay em homenagem à mãe do comandante. O bombardeio atômico arrasou com a cidade de Hiroshima, matando mais de 140.000 pessoas. Três dias depois, a segunda bomba atômica foi lançada sobre Nagasaki, onde 80.000 pessoas foram mortas.




domingo, 2 de março de 2014

Billings o engenheiro que veio e ficou....por profªAlcilene Rodrigues

Quem é?

Asa White Kenney Billings

Billings (8 de fevereiro de 1876 - 3 de novembro de 1949) foi um engenheiro estadunidense, considerado um dos pioneiros no desenvolvimento dos sistemas de energia elétrica no Brasil, onde ele viveu durante os últimos 27 anos de sua vida. Seu trabalho mais conhecido hoje em dia é a Represa Billings, o maior reservatório de água urbano em São Paulo, para cujo desenvolvimento ele exerceu um papel fundamental.
Filho de Albert Stearns Billings e Abbie Althea Billings (née Park) em Omaha, Asa Billings completou seu estudo médio na Omaha High School. Com 14 anos de idade, começou a trabalhar por meio período na usina elétrica local. Completou sua educação superior na universidade de Havard, recebendo o título de Bacharel em 1895 e o título de Mestre em 1896, juntamente com um prêmio (Bowdoin prize) e $100 pela sua tese. Ele também obteve o título honorário de engenheiro eletricista da Universidade Tufts em 1929.
Billings casou com Edna Peabody em Nova Iorque em 17 de dezembro de 1900, e seu filho Asa White Kenney Billings, Jr. nasceu em 20 de setembro de 1902. Anos depois, casou-se novamente com Josephine J. Billings, e teve mais dois filhos, Mary Warner e John J.
Após sua formatura em 1896, Billings trabalhou em projetos elétricos em diversos locais do mundo, incluindo Pittsburgh e Cuba, e trabalhou para Frederick Stark Pears, em projetos no Texas e na Espanha. Quando os Estados Unidos decidiram participar da primeira Guerra Mundial, ele juntou-se ao grupo de engenheiros civis da marinha norteamericana, e pelos seu serviços recebeu uma Navy Cross e o ranque de cavaleiro da Légion D'honneur.
Chegou ao Brasil em fevereiro de 1922 como engenheiro da Light, a empresa canadense responsável pelo fornecimento de energia elétrica da cidade de São Paulo, pensando em ficar alguns meses.( ficou até morrer). Naquela época, o rápido crescimento da cidade, que começava a dar sinais de industrialização, já apontava  significativo da demanda por energia elétrica. Obcecado pela idéia de criar uma maneira de gerar energia de forma eficiente, aproveitando a geografia da cidade de São paulo, teve uma idéia: Porque não usar a queda abrupta demais de 700 metros do planalto paulista para gerar energia elétrica?

O sistema idealizado pelo engenheiro Billings era reverter as águas do Rio Pinheiro, e depois lançá-las montanha abaixo, gerando energia elétrica. A sua idéia era maravilhosa, mas ainda existia um enorme problema: a topografia da cidade fazia com que os rios que nasciam próximos à Serra do Mar, como o rio Tiete e o rio Pinheiros, corressem em direção ao centro do Estado, e não para o litoral. O que tinha sido uma enorme vantagem para os bandeirantes, que usaram os rios para explorar os rincões do Brasil, tornava-se um empecilho para suas idéias.

Piscina no rio Pinheiros na década de 20









Mas a perseverança e criatividade do engenheiro estadunidense, não tinham limites, e novamente ele teve uma idéia que a princípio mostrava ridícula: se os rios correm para a Serra do Mar, por que não reverter seu curso através de estações elevatórias, formando um reservatório que permita a geração de energia?




Pelo sistema Billings, a energia gasta para elevar as águas do Pinheiro até a Serra do Mar é recuperada plenamente pela Usina Hidrelétrica.
Os estudos mostraram que a reversão de toda a bacia do Tietê não seria factível, mas aplicar a ideia de Billings até a confluência entre os Rios Pinheiros e Tietê seria possível.
Desta forma, o Rio Pinheiros seria transformado em um canal desde sua foz até a estação de bombeamento da Traição, que elevaria as águas em cerca de 5 metros , conduzindo-as até a base de uma represa que seria construída nos arredores de Santo Amaro, de onde seriam bombeadas até o Reservatório do Rio Grande, a ser formado por esta barragem.
As águas seriam conduzidas às turbinas através de tubulações que desceriam a Serra.

O maciço da Serra do Mar, que tantos obstáculos havia criado para a colonização do planalto, seria finalmente utilizado a favor dos paulistas.



Confluência dos Rios Pinheiro e Tietê, na década de 20.
 

O Rio Pinheiro, antes da retificação coordenada pelo engenheiro Billings
À época, o Rio Pinheiros tinha um trajeto sinuoso, formando uma grande várzea inundável, cujos habitantes sofriam com frequentes inundações.
O plano de Billings ainda teria a tarefa adicional de aumentar a eficiência do canal que levaria as águas para o reservatório retificando o curso do rio, que traria um efeito colateral interessante:  acabar com as enchentes da região.
 


A barragem do Rio Grande depois foi expandida, e desde 1949 é chamado de Represa Billings
 

Barragem do Rio das Pedras onde é possível ver onde termina o planalto e começa o paredão da Serra do Mar.
 

Casa das Válvulas da Usina de Cubatão, no alto da Serra.Vista espetacular da Baixada santista. Em 1927 tiveram as obras da Usina Hidrelétrica de Cubatão, a barragem do Rio grande (que depois foi expandida e ganhou o nome de represa Bilings e o deslocamento da antiga estarda rio- são Paulo que passava exatamente por uma área que seria submersa.

Casa das Válvula da Usina de Cubatão, no alto da Serra.

 


Fotos da Usina de Cubatão - Henry Borden durante sua obra

 

Barragem Rio das Pedras, 1929. Aqui o nível do Reservatório é controlado, e quando sobe muito é jogado serra abaixo até o Rio Cubatão


Cada da Válvula no alto da Serra
 

Vista das tubulações externas durante a construção da Usina


Depois de problemas de  atrasos nas obras durante o período iniciado a partir da Revolução de 32, a retificação do canal do Rio Pinheiros e as estações elevatórias em seu percurso foram concluídas em 1944, acabando com as grandes inundações que ocorriam em suas margens durante séculos (depois, com a impermeabilização do solo, as inundações voltaram, mas esta é outra história...)


 
Usina Elevatória da Traição, ao lado das avenidas dos Bandeirantes e Luis Carlos Berrini, quando em funcionamento, eleva em 5 metros as águas do Pinheiros.

 
Interior da "Usina da Traição"   

Com o sistema em pleno funcionamento, a Usina de Cubatão mostrou-se um sucesso acima das expectativas, pois sua queda de 720 metros e o uso das turbinas Pelton, otimizadas para uso com pouco volume de água, mas com alta queda, tornaram-na uma das mais eficientes do mundo.


 
Turbina Pelton - Apropriada para pouco volume de água com alta pressão
 
Turbina Pelton usada em Cubatão entre 1926 3 1975
O reconhecimento mundial do trabalho de Billings veio em 1936, quando a "Institution of Civil Engineers" de Londres convidou-o a apresentar um relatório sobre o trabalho feito no Brasil, especialmente em São Paulo. O documento "Water-Power in Brazil" tornou-se um clássico no assunto, com leitura recomendada nas Escolas de engenharia de todo o mundo.  Seu nome é uma constante na lista dos maiores engenheiros do século XX.


Ordem do Cruzeiro do Sul pelos serviços prestados ao país, o engenheiro a recebeu em 1946.
Durante o período em que Billings esteve no Brasil, entre 1922 e 1949, a geração de energia em São Paulo aumentou de 90 mil quilowatts para de 500 mil quilowatts.
 


Depois da aposentadoria de Billings, foi construída outra obra fantástica, uma segunda usina subterrânea ao lado da Usina de Cubatão, totalmente escavada na rocha, com os mesmos 720 metros de queda e turbinas Pelton, aumentando a capacidade de geração de energia para 800 mil quilowatts

. 

Construída depois da época de Billings, mas mesmo assim uma obra fantástica escavada na rocha, é resistente a bombardeios de qualquer tipo.



 
Entrada da Usina Subterrânea


 
Interior da usina subterrânea

Além da geração de energia, a Represa Billings tornou-se um dos principais mananciais da região metropolitana de São Paulo. Infelizmente, na década de 80, a poluição das águas do Pinheiros estava tornando as águas da Represa Billings impraticáveis para consumo humano, e o bombeamento foi interrompido. Com isto, hoje a Usina de Cubatão continua na ativa, mas opera com apenas 1/4 de sua capacidade.

 
Capivaras à beira do Rio Pinheiros

A poluição é tão alta que a água deixou de ser bombeada para a Represa Billings.
Billings faleceu em sua residência na cidade californiana de La Jolla, em 3 de Novembro de 1949, poucos meses depois de ter se aposentado, deixando aquela que foi sua verdadeira pátria, por quem trabalhou sem parar.



Da próxima vez que estiver dirigindo pela Marginal Pinheiros, apreciando as margens agora um pouco mais limpas da Billings, fazendo compras nos Shoppings paulistas na região do Brooklin, ou melhor, ao acender uma lâmpada ou beber um copo de água, lembre-se que foi um perseverante e criativo engenheiro americano o responsável por algumas das mais importantes intervenções já realizadas na maior metrópole sul-americana.


Questões sobre engenharia:
1-O sistema de abastecimento de água de uma cidade é caracterizado como portador de suprimento contínuo, porém não-confiável. A fim de garantir que uma residência possua fornecimento ininterrupto de água, o projetista deverá:
a) instruir o proprietário da não-utilização de água durante a madrugada, evitando o esvaziamento de água da tubulação.
b) prever, no projeto de instalações hidráulicas, reservatório(s), pois isso garantirá um estoque de água que poderá ser utilizada a qualquer momento.
c) diminuir a altura de todos os pontos de consumo, para aumentar a pressão na rede.
d) sugerir ao proprietário a construção de uma piscina para banho no quintal da residência; assim, o proprietário terá uma fonte permanente de água.
e) recomendar ao proprietário que mantenha sempre por perto o número do telefone da concessionária de água, a fim de avisá-la o mais rapidamente possível da falta de água.

2 - Considerando os princípios que regem a gestão ambiental no Brasil e no mundo, assinale a alternativa correta:
a) Para a construção de uma hidrovia entre o Paraguai e o Paraná, não é necessária a realização de estudo prévio de impacto ambiental.
b) A criação de um loteamento urbano regular pode ser feita independentemente da aprovação do poder público.
c) A edificação de uma barragem no Rio São Francisco independe de autorização federal.
d) Em um município, para se construir um bairro novo em área já densamente povoada, deve ser feito um estudo do impacto de vizinhança.
e) Estradas de rodagem feitas pelo Governo Federal podem cortar unidades de conservação de proteção integral sem licenciamento ambiental.





"Ninguém chega a ser médico, advogado, dentista, agrônomo, arquiteto ou engenheiro apenas por ter um belo par de olhos, uma voz doce, algum dinheiro no banco ou um padrinho influente… A conquista de qualquer um desses títulos demanda qualidades e habilidades especiais, muito estudo e empenho (às vezes até muitos sacrifícios).
Temos, é verdade, muitas semelhanças, quando a comparação é feita no nível da qualificação. Porém, no exercício das profissões e no comportamento empresarial de cada grupo as diferenças aparecem e são enormes...boa sorte e bons estudos!"