domingo, 4 de maio de 2014

A revolta da vacina..por profª Alcilene Rodrigues

Revolta da Vacina: um dos levantes que marcou as contradições do governo do presidente Rodrigues Alves

Um dos episódios mais polêmicos do ínicio do período republicano no Brasil pode nos ajudar a pensar sobre o conceito de biopoder (leia Michel Foucault no meu blog para entender melhor esse conceito) e as formas de controle que ele articula. Em 1904, o Rio de Janeiro começava a passar pelo processo de reformas urbanas  levado a cabo pelo então prefeito Pereira Passos, mas ainda conservava muito de estrutura colonial que o governo buscava eliminar em nome do ideal de modernização. Ruas estreitas, pessoas amontoadas em cortiços e precária noções de higiene faziam parte da paisagem carioca. Tuberculose, sarampo, tifo e hanseníase eram parte do cotidiano de muitos cidadãos, que sofriam principalmente com grandes epidemias de febre amarela, varíola e peste bubônica.
Rodrigues Alves e Oswaldo Cruz. Álbum de recortes de jornais e revistas reunidos por Oswaldo Cruz, década de 1900. Caricatura de J. Carlos.

Foi diante desse quadro que Oswaldo Cruz, médico sanitarista convocado pelo presidente Rodrigues Alves para higienizar a cidade e a população carioca, passou a tomar medidas para conter as doenças. Era preciso sanear para modernizar. Entre as muitas propostas apresentadas pelo médico, uma causou especial polêmica: a da vacinação obrigatória, que se tornou lei em 31/10/1904. De acordo com a lei, brigadas sanitárias, acompanhadas de policiais, deveriam entrar nas casas para aplicar, de bom grado ou à força, a vacina contra a varíola em toda a população.
Grande parte da população e setores da oposição se revoltaram contra o autoritarismo da medida. Lojas foram saqueadas, bondes depredados, lampiões quebrados: era a Revolta da Vacina, uma reação violenta a uma medida de disciplinamento sanitário imposto pelo governo à população, medida essa legítima pela posse de um saber, o higienismo, aplicado como forma de controle em nome do ideal de modernidade. 
A reação popular levou à suspenção da obrigatoriedade da vacina e à declaração do estado de sítio por parte do governo. A rebelião terminou em 10 dias, deixando 50 mortos e mais de 100 feridos, além de centenas de presos. Pouco depois, o processo de vacinação foi reiniciado e a varíola foi rapidamente erradicada da capital da República.
          Oswaldo Cruz nosso querido médico sanitarista, além de sério era um homem extremamente carinhoso, amoroso, familiar e religioso precisamos de homens assim como lideres...eu respeito muito, que lindo!

Testando seus conhecimentos:
1- Quando ocorreu o movimento?
2- Onde ocorreu o movimento?
3- Quais foram as causas que determinaram o movimento?
4- Quem exerceu a liderança do movimento?
5- Quais foram as principais características do movimento?
6- Como terminou o movimento?
7-Explique o que é "o biopoder na definição" de Foucault, citando exemplo do dia à dia. 
8- Assista ao video da Revolta da Vacina e anote os principais tópicos, para apresentar em aula e depois entregar para o professor para avaliação.

Anota aí:
Cartas revelam o amor e a dedicação de Oswaldo Cruz aos seus seis filhos
Distante da família, por conta de viagens ao Pará, aos Estados Unidos e à Europa, um “velho pai muito saudoso” escreve cartas aos filhos. Recomenda juízo aos mais velhos, aconselha que não faltem ao colégio, pede que poupem a mãe de amofinações e, por fim, pergunta se querem algo de presente  - dentro de suas posses, é claro. Nada muito diferente do que aconteceria em qualquer família, exceto pelo fato de que o “velho pai muito saudoso” em questão é Oswaldo Cruz. O cientista que entrou para a História, entre outros feitos, por livrar o Rio de Janeiro de doenças como a febre amarela, a peste bubônica e a varíola no início do século 20, foi um pai dedicado e amoroso, como revelam as cartas que trocou ao longo da vida com sua mulher e filhos.


                        Oswaldo Cruz e seu filho mais velho, Bentinho (Foto: Acervo COC/Fiocruz) 

“Oswaldo Cruz era um pai presente e que acompanhava de perto a criação dos filhos”, conta a historiadora Ana Luce Girão, do Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). Com Emília Fonseca, a Miloca, o cientista teve seis crianças: Elisa, Bento, Hercília, Oswaldo, Zahra – que morreu nos primeiros anos de vida – e Walter. O nascimento de duas delas, Zahra e Walter, o pesquisador acompanhou por carta, já que estava viajando a trabalho. Mas a sua correspondência pessoal mostra o quanto se importava com a chegada de cada um deles.

Em 28 de novembro de 1907, por exemplo, Oswaldo Cruz estava no México e, ao descer para tomar o café da manhã no hotel em que estava hospedado, recebeu um telegrama anunciando o nascimento de sua filha Zahra. “Em vez de ir para o restaurante, corri para a igreja mais próxima para agradecer a Deus a graça que me concedeu”, escreveu ele à mulher. “Fui depois ao telegrafista para te enviar, como faço agora também, um milhão de beijos e carinho de agradecimento pelo sofrimento que tiveste, assim como também para abençoar, ainda que de longe, mais este ente querido, que vem habitar nossos corações. Como estou feliz, satisfeito, contente!”.


 Carta enviada por Oswaldo Cruz a seus filhos (Acervo COC/Fiocruz)
Carta enviada por Oswaldo Cruz a seus filhos (Acervo COC/Fiocruz) 

Um pai carinhoso, mas que sabia cobrar
Na correspondência pessoal de Oswaldo Cruz, o carinho pelos filhos também transparece na forma terna com que o cientista chama cada um, seja usando diminutivos, como Bentinho, Oswaldinho, Waltinho, ou apelidos – Lizeta, no caso de Elisa. Como bom pai, Oswaldo Cruz sabia ser duro ao cobrar bom desempenho de todos nos estudos. Que o diga Bento, o primeiro filho homem do pesquisador, batizado com o nome do avô paterno, como mostra a carta a seguir:


Meu querido Bentinho,

(...) Agora é preciso completar teus estudos preparatórios que, como deves concordar, foram insuficientes. É preciso que estudes e estudes muito para manteres na escola o nome do teu avô, que soube sempre se impor pelo estudo, pelo caráter, pela delicadeza e pela bondade. Tu és depositário de tudo isso!

(...)

Saudades muito afetuosas de seu verdadeiro amigo muito saudoso,

Oswaldo.


“Com Bento, assim como Elisa, Oswaldo Cruz conviveu mais, pois os dois eram os irmãos mais velhos entre os seis”, conta Ana Luce Girão. “O cientista morreu jovem, com filhos pequenos. Quando faleceu, em 1917, seu filho caçula, Walter, tinha apenas 7 anos”.

A correspondência pessoal do cientista, que revela sua faceta de pai, entre muitas outras leituras possíveis, está sendo microfilmada e digitalizada, assim como todo o acervo de Oswaldo Cruz. A previsão é que o trabalho termine até outubro e que imagens das cartas, assim como dos outros documentos do acervo, sejam colocadas à disposição do público na página do Arquivo da Casa de Oswaldo Cruz na internet e pode ser acessada na  Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) .

Publicado em 12/8/2011.




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