domingo, 10 de junho de 2012

Os sofistas, os primeiros professores da história...por profª Alcilene Rodrigues

4ªaula
Na mesma época em que viveu Sócrates, o cenário de Atenas abrigava os sofistas. O sofista era um professor de técnicas, de política, de virtude e de sabedoria, alguém que julgava possuir conhecimento e poder de transmiti-lo a quem estivesse e pudesse pagar. Eles não chegaram a constituir uma escola de filosofia, mas travaram grandes batalhas intelectuais com os filósofos da época, principalmente Sócrates.
Sofista era, acima de tudo, um perito no seu ofício e um professor de sua técnica. Para transmitir o seu saber, usa a retórica e a persuasão. Na Grécia Antiga, eram professores profissionais que forneciam instrução aos jovens, ensinavam a arte de argumentar e persuadir, arte decisiva naquela época da democracia ateniense, onde as discussões eram feitas em público. São considerados os primeiros professores da História, mas foram odiados pelos filósofos, que acusavam de vender seu saber por dinheiro e de não buscarem a verdade, mas apenas a forma do discurso, a beleza das palavras.
Os sofistas trabalhavam com opiniões contrárias, ensinando a argumentar persuasivamente tanto a favor de uma opinião quanto de outra. Não se importavam com a verdade, por isso são chamados de mentirosos e charlatães. Para eles, porém, não existe mesmo a verdade absoluta, tudo é relativo, resume-se à opinião de quem fala ou de quem ouve.
Diferentemente dos sofistas, Sócrates não é professor. Não responde, mas sim faz perguntas consecutivas. Não se propõe a ensinar nada, mas a fazer o interlocutor pensar. Por isso, a oposição entre eles foi clara. Os sofistas pretendiam substituir a educação tradicional, destinadas a formar guerreiros e atletas, por uma nova pedagogia, preocupada em formar o cidadão da novas democracia ateniense.
Eles legitimam o ideal democrático da nova classe em ascensão, a dos comerciantes enriquecidos. Agora não eram mais apenas os aristocratas que recebiam educação ou teriam direito a exercer o poder na pólis (cidade) grega. No novo sistema, todos teriam a sua chance, desde que soubessem usar a palavra para impor suas idéias, não através da força, e sim da persuasão.
Os privilégios, porém, só estariam à disposição dos bons oradores e de quem tivesse dinheiro para pagar aos sofistas. A arte da retórica era a principal arma, a mais valorizada por eles e por quem estivesse interessado em ascender politicamente. Para os sofistas, a retórica é a arte dos argumentos e definições de uma coisa, tendo como base não o que a coisa seria em si, mas tal como ela nos aparece e tal nos é útil. Ou seja, é a arte de persuadir, usando opiniões contrárias, a discussão.
Segundo os sofistas, a retórica  é uma técnica que pode ser ensinada e pressupõe o direito de todos à opinião. Quem apresentar os melhores argumentos, expondo-os da maneira mais convincente, é o ganhador da discussão. O poder do discurso sofistas não estava em seu conteúdo, mas na sua capacidade de seduzir o outro, levá-lo numa direção que não cogitara, fazê-lo pensar diferente de antes.
Nos dias de hoje, podemos ver essa "filosofia" presente em áreas como o marketing, a publicidade e a política, nas quais o discurso está muito mais baseado na emoção do que na razão.
Ganha quem souber usar melhor as palavras e jogar com as falhas dos adversários, sem nenhuma preocupação com a verdade.
Os dois sofistas mais importantes da época de Sócrates foram Protágoras e Górgias. Assim como o filósofo ateniense, nenhum deles deixou escritos, o que mais uma vez, cria dificuldades na hora de saber o que realmente cada um pensou. 
No caso de Protágoras, por exemplo, as suas idéias foram divulgadas posteriormente por Platão, discípulo de Sócrates e, portanto, seu inimigo. Segundo ele, o princípio fundamental de Protágoras era: " o homem é a medida de todas as coisas". Isso significa que o homem é a medida do que é ou do que não é, ou seja, é o critério da realidade.
Segundo a explicação de Marilena Chauí sobre o pensamento de Protágoras, " as coisas estão em perpétua mudança e nós estamos em perpétua mudança. Por isso dois homens podem ter percepções e opiniões opostas sobre coisas que parecem idênticas ou iguais e as duas opiniões são verdadeiras, do ponto de vista de cada sujeito que as tem. Eis por que mudamos de opinião somente se formos persuadidos por outra melhor ou mais forte do que a nossa".
Já Górgias combate as idéias do pré-socrático Parmênides, afirmando que o ser é inexistente, que o nada existe. Isso significa que o ser não é. Para que existisse, teria que ser eterno, infinito no espaço e no tempo, o que não acontece. O ser não pode ser pensado, portanto, não existe. E mesmo que o ser seja e possa ser pensado, não pode ser dito ou comunicado. O que comunicamos são apenas opiniões sobre as coisas que nos são apresentadas pelos sentidos. Esses pensamentos sofistas foram duramente criticados por seus contemporâneos socráticos, inclusive em obras escritas, mas, no século XIX, começou um movimento na filosofia de recuperar a importância dos sofistas. O filósofo alemão Hegal foi um dos primeiros a tentar reabilitar os sofistas e, atualmente, alguns filósofos tem visão mais crítica em relação às referências de Platão e Aristóteles, analisando o discurso sofista não apenas sob ótica da persuasão e da eloquência.


Protágoras nasceu por volta de 480 a.C. em Abdera e parece ter sido discípulo de Demócrito.



             Górgias nasceu na Sicília, em Leontinos, entre 485 e 480 a.C

 Complete:
a)Assim como Sócrates, Protágoras foi acusado de........... (tendo inclusive livros seus queimados em uma .......... pública), motivo pelo qual fugiu de ..........., estabelecendo-se na Sicília, onde morreu aos sessenta e dois anos.


b)Górgias teria vivido mais de cem anos. Conquistou uma riqueza considerável, suficiente para que ele encomendasse uma estátua de ........... de si mesmo para um templo ........... Morreu em .................., na Tessália, em376 a.C..

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