quarta-feira, 13 de junho de 2012

Platão, o fiel discípulo...por profª Alcilene Rodrigues

5ª aula


Platão, cujo verdadeiro nome era Arístocles (em homenagem ao seu avô), nasceu em 427 a.C. e morreu em 347 a.C. Filósofo grego, um dos três pilares da Filosofia ocidental, junto com Sócrates e Aristóteles. Um dos maiores e mais influentes.

É verdade que Sócrates não deixou nenhum legado escrito. mas graças à dedicação e a fidelidade de seus discípulos, os pensamentos e idéias socráticas permaneceram vivos, se espalharam pelo mundo e mantêm a chama acesa ainda hoje. O principal desses discúpulos foi Platão, que escreveu sobre Sócrates em diversas ocasiões , além de ter criado suas próprias teorias sobre o mundo.
Nascido em 427 a.C, Platão pertencia a uma tradicional família da aristocracia de Atenas. recebeu a educação clássica dos jovens nobres da época: idas ao ginásio, com vistas à formação do guerreiro, música e poesia. Ao mesmo tempo, destinado a participar da vida política, frequentou os sofistas para aprender retórica.
Aos 20 anos, porém, tudo mudaria na vida de Platão. Levado por amigos, passou a frequentar o círculo de Sócrates, tornando-se seu discípulo mais importante. No livro Apologia, por exemplo, faz a defesa de Sócrates e a refutação das acusações que caíram sobre ele e o levaram à morte. Depois da morte de Sócrates, Platão decidiu viajar. Foi ao sul da Itália, à Sicília, ao Egito e até ao rio Ganges. Em 387 a.C, depois de 12 anos perambulando pelo mundo, voltou a Atenas. Foi aí, já com 40 anos,  que ele fundou a Academia, uma escola para formar filósofos. Ela durou até o ano 529 da era cristã, quando o imperador Justiniano ordena que se fechem todas as escolas pagãs de filosofia. A Academia tinha como objetivo a investigação científica e filosófica e sua fundação é um marco na história do pensamento ocidental.
Um de seus livros mais importantes foi República, no qual Platão discorre sobre a justiça na ética e na política. É nele também que o filósofo narra o Mito da Caverna, uma de suas alegorias mais famosas. Nela, Platão imagina que os homens estão prisioneiros em uma caverna, separados do mundo externo por um alto muro, cuja entrada permite a passagem de uma réstia de luz.
Os homens estão acorrentados com grilhões e virados de costas para a saída, nada vêem.
A réstia de luz que penetra na caverna projeta imagens na parede do fundo, imagens do  que se passa no exterior. Os prisioneiros julgam que a sombra que vêem projetada é a própria realidade. Um dos prisioneiros, então, decide fugir e ver tudo demais perto. No início, fica cego pela luminosidade do sol. Pouco a pouco, acostuma-se com a luz e começa a ver o mundo como ele é de fato. deslumbra-se com o que vê e se dá conta que, na prisão, só havia visto sombras da realidade.
Ex-prisioneiro ainda pensa em voltar à caverna para libertar seus amigos e lhes contar como é o mundo de verdade. Mas, se fizesse isso, não saberia mover-se nas trevas nem falar de modo compreensível e os prisioneiros não acreditariam em nada do que lhes dissesse. Ainda correria o risco de ser morto pelos que jamais abandonariam a caverna.
Com essa metáfora, Platão quis dizer que a caverna é o mundo sensível onde vivemos. A réstia de luz que projeta sombras na parede é um reflexo da luz verdadeira (as idéias). O homem vive como um prisioneiro, tomando como verdadeiras as coisas que chegam até ele. Os grilhões são os preconceitos e a confiança nas opiniões e nos sentidos, que nos mascaram a realidade todo o tempo. O prisioneiro curioso que escapa seria a filósofo. A luz que ele vê ao sair, a luz plena do Ser,  o Bem, que tudo ilumina.
No Mito da Caverna, Platão descreve como são necessários anos de esforços para conseguir alcançar o conhecimento. E aqueles que conseguem se livrar da cegueira devem ajudar os demais. Platão afirma, no entanto, que não é possível ensinar o que são as coisas, mas apenas ensinar a procurá-las. A tarefa da filosofia seria justamente libertar o homem da escuridão da caverna, do mundo das aparências, levando-o para o mundo real, que é o mundo das essências. A teoria das idéias é a parte central do pensamento platônico. Segundo ela, existe uma esfera superior ao mundo físico, onde estão as idéias puras. É o mundo inteligível e espiritual, que é a causa primeira de tudo. As idéias seriam incorpóreas e invisíveis, eternas, escapando, assim, à corrosão do tempo. Perfeitas e imutáveis, as idéias seriam, para Platão, os modelos dos quais os objetos são meras cópias imperfeitas. Em Fedro, Platão faz ataques aos sofistas, falando sobre linguagem e retórica. Sob a forma de diálogos, a obra mostra a opinião de Górgias, um dos sofistas, e as de Sócrates e Platão. Esses dois combatem a teoria do primeiro de que " não  é necessário ao orador conhecer o que é realmente justo, mas o que parece justo à multidão.
Os dois filósofos contestam, então, e dizem que a retórica é um veneno para a alma e para a filosofia. A retórica seria a arte do logro e do engano. Expondo essa tese, Platão faz uma comparação entre a retórica e a medicina.
Pharmacon é uma palavra grega que significa tanto cura e alívio como o que mata, envenena, mascara. O discurso sofista é mostrado como puro pharmacon, no sentido negativo.
Platão vai ainda mais longe. Para ele, a linguagem é pharmacon. Nas mãos dos sofistas, é veneno mortal.
Na obra "O Banquete", Platão narra um diálogo entre Sócrates e seis personagens, cada um expressando uma concepção diferente sobre o amor. Um dos personagens, Aristófanes expõe a teoria que se tornou a mais conhecida, mesmo para quem nunca leu Platão. Trata-se de um mito sobre a origem dos homens, que eram inicialmente dotados de órgãos duplos. Ousados em demasia, enfurecem os deuses e foram castigados, separados em duas metades. O amor nascido desse mito é a eterna procura pela metade perdida e a tentativa de restaurar a condição de ser dois em um.
No livro IV da República, Platão expõe sua teoria sobre a alma. Segundo ele, a alma estaria dividida em três: desejo, emoção e conhecimento. E diz que é a razão (personificada pelo conhecimento) que deve comandar as outras duas.
Desejo, apetite, impulso e instinto são uma coisa só e teriam como centro o baixo-ventre. A emoção estaria centrada no coração, no fluxo e na força do sangue. Já o conhecimento tem sua sede na cabeça e é o único que pode ser o comandante da alma. Platão questiona, então, se é possível um homem ser virtuoso e, ao mesmo tempo, comandado pela cólera ou a luxúria. Ele afirma que não, que as paixões, além de nos arrastarem para direções opostas, fazem com que os desejos e impulsos violentos obscureçam  a razão, impedindo-nos de chegar ao conhecimento.
A alma racional será virtuosa se for mais forte e dominadora do que as outras duas, se não sucumbir aos apelos do apetite e da cólera, ou seja, não ceder às paixões. A imoralidade, a injustiça e o vício só existiam, segundo Platão, quando esta hierarquia de comandos não era obedecida, quando o desejo e a emoção tomavam conta da razão.

Frases de Platão:
  • De todos os animais selvagens, o homem jovem é o mais difícil de domar.
  • Deve-se temer a velhice, porque ela nunca vem só. Bengalas são provas de idade e não de prudência.
  • Quem comete uma injustiça é sempre mais infeliz que o injustiçado.
  • Tente mover o mundo - o primeiro passo será mover a si mesmo.
  • Uma vida não questionada não merece ser vivida.
  • Você pode descobrir mais sobre uma pessoa em uma hora de brincadeira do que em um ano de conversa.
  • O livro é um mestre que fala mas que não responde.
  • O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê.
  • O bom juiz não deve ser jovem, mas ancião, alguém que aprendeu tarde o que é a injustiça, sem tê-la sentido como experiência pessoal e ínsita na sua alma; mas por tê-la estudado, como uma qualidade alheia, nas almas alheias.
  • No imposto profissional o justo paga mais e o injusto menos, sobre o mesmo rendimento.
  • Calarei os maldizentes continuando a viver bem; eis o melhor uso que podemos fazer da maledicência.
  • É possível descobrir mais sobre uma pessoa numa hora de brincadeira do que num ano de conversa.
  • Os olhos do espírito só começam a ser penetrantes quando os do corpo principiam a enfraquecer.
  • São muitos os que usam a régua, mas poucos os inspirados.
  • Onde não há igualdade, a amizade não perdura.
  • A paz do coração é o paraíso dos homens.
  • Os filhos dos homens, dentre todos os animais jovens, são os mais difíceis de serem tratados.
  • Não há ninguém, mesmo sem cultura, que não se torne poeta quando o Amor toma conta dele.
  • Tudo quanto vive provém daquilo que morreu.
  • Todo homem é poeta quando está apaixonado.
  • Muitos odeiam a tirania apenas para que possam estabelecer a sua.
  • Não há nada bom nem mau a não ser estas duas coisas: a sabedoria que é um bem e a ignorância que é um mal.
  • Buscar e aprender, na realidade, não são mais do que recordar.
  • Quem ama extremamente, deixa de viver em si e vive no que ama.
  • A necessidade que é a mãe da invenção.
Exercícios:
Escolher a  frase que mais gostou e fazer uma redação expondo seu ponto de vista, 20 linhas. Entregar para a professora na próxima aula.

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