terça-feira, 6 de setembro de 2011

Havia higiene na Idade Média sim...por Olivier Tosseri

2ª aula- (história universal)
         Muita gente aprende nos bancos escolares ou em referencia no cinema e em livros que os tempos medievais foram um zero à esquerda em matéria de asseio. Não é bem assim. Havia higiene  na Idade Média, quando também se usava a água por prazer. Esse só não era um valor tão disseminado como hoje nas sociedade carentes, como em todos os períodos passados, de meios de educação abrangentes e democráticos.
         Acervos preciosos de arte e objetos do período incluem itens usados na toalete de homens e mulheres, assim como iluminuras que representam pessoas se lavando. Os tratados de medicina e educação de Bartholomeu Anglicus, Vicente de Beauvais ou Aldobrandino de Siena, monges que viveram no século XIII, mostram uma preocupação real em valorizar a limpeza, principalmente a infantil.
         A água era um elemento terapêutico e servia tanto para prevenir quanto para curar as doenças. Desenvolveram-se as estâncias termais e era recomendado e estimulado lavar-se regularmente. Como as casas não tinham água corrente, os grandes locais de higiene eram os banhos. Certamente herdados da Antiguidade, é provável que tenham voltado a moda graças aos cruzados retornados do Oriente, onde se havia conservado a tradição.
          Nas cidades, a maioria dos bairros tinha banhos públicos, chamados de "estufas", cuja abertura os pregoeiros anunciavam de manhã. Em 1292, Paris, por exemplo, contava com 27 estabelecimentos. Alguns deles pertenciam ao clero. O preço da entrada era elevado, e nem todos podiam visita-los com assiduidade.
          Na origem, os frequentadores se contetavam com a imersão em grandes banheiras de água quente. O procedimento se aperfeiçou com o surgimento de banhos saturados de vapor de água. Utilizava-se  o sabonete ou a saponária, planta que fazia a água espumar, para um melhor resultado. Para branquear os dentes, recorria-se a abrasivos à base de conchas e corais.Tal era o sucesso desses locais que a corporação dos estufeiros foi regulamentada.Eles tinham direito a preços predeterminados e o dever de manter água própria e impedir a entrada de doentes e prostitutas.
          A verdade, porém, é que as estufas foram se tranformando cada vez mais em lugar de encontros galantes: os banhos em comum e os quartos colocados à disposição dos clientes favoreciam a prostituição.
          No século XIV, recorreu-se a éditos para separar os homens das mulheres, mas foi durante o século XV que se verificou uma mudança de mentalidade. A igreja endureceu as regras morais, pois passou a ver com maus olhos tudo quanto relacionasse com o corpo. E os médicos já não consideravam a água benéfica, mas sim  responsavel e vetor de enfermidades e epidemias. Segundo eles, os poros dialatados facilitavam a entrada de miasmas e impurezas.
         A grande peste de 1348 recrudesceu esse entendimento. Desde então, passou-se a desconfiar da água, que devia ser usada com moderação. Os banhos declinaram e, pouco a pouco, desapareceram. Foi preciso aguardar o século XIX e o movimento higienista para que se produzisse uma nova mudança de mentalidade.
                                           Os banhos como terapêuticos
                             Os nobres  tomavam banho com maior frequência
                                             Banhos públicos ou estufas
       

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